segunda-feira, 25 de julho de 2011
DA UNE DIRETO PARA A ESPLANADA
Há 16 anos sob a presidência de membros do PCdoB, ex-presidentes da UNE têm cargos garantidos no Ministério do Esporte.
Daniel Iliescu, provavelmente, será mais um agraciado com um bom cargo.
UNE no poder - Júnia Gama - Correio Braziliense - 25/07/2011
Ligados ao PCdoB, maioria dos ex-dirigentes da União Nacional dos Estudantes ocupa hoje cargos no Ministério do Esporte.
Desde que Orlando Silva presidiu a entidade estudantil, na década de 1990, os demais comandantes da instituição não ficaram desempregados após o término de seus mandatos. A maioria ganhou vaga no Ministério do Esporte
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Se confirmada a tendência verificada desde meados da década de 1990, Daniel Iliescu, 26 anos, o novo presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), não precisa se preocupar com o futuro profissional, mesmo que não termine a faculdade
Os seus antecessores eram, como ele, filiados ao PCdoB e garantiram bons empregos no governo — a maioria no Ministério do Esporte — após o término do mandato de dois anos na entidade estudantil, incluindo aqueles que abandonaram os estudos.
Desde 1995, quando o ministro do Esporte, Orlando Silva, foi eleito presidente da UNE, a maioria dos estudantes que o sucederam na entidade passou a ocupar um cargo público, por indicação política. Quase todos, ligados ao esporte.
Ricardo Capelli, que presidiu a instituição entre 1997 e 1999, após Orlando Silva, dirigiu o Departamento de Esporte Universitário do ministério, em 2003. Hoje, é presidente da Comissão da Lei de Incentivo ao Esporte da pasta. Wadson Ribeiro, secretário nacional de Esporte Educacional do ministério, foi presidente da entidade entre 1999 e 2001. Ele cursou três anos de medicina na Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), mas não concluiu os estudos. Ele acredita que sua presença na Esplanada se deve mais pela trajetória política do que pelos conhecimentos adquiridos na faculdade.
Felipe Maia é uma das exceções: em vez do Ministério do Esporte, ocupou o cargo de ouvidor-geral da Agência Nacional de Cinema (Ancine). Gustavo Petta é o último ex-presidente da UNE a ocupar um cargo relacionado ao esporte. Sua irmã, Ana Cristina Petta, é casada com o ministro Orlando Silva. À frente da entidade estudantil entre 2003 e 2007, foi convidado, em 2009, para ser secretário do Esporte de Campinas (SP).
Mostrando sua influência no governo, no ano passado, Petta foi convidado por Orlando Silva e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a organização da 3ª Conferência Nacional de Esporte, em Brasília. Este ano, Campinas foi a cidade escolhida para abrigar o centro esportivo Rede Nacional de Treinamento, com um investimento de R$ 15,2 milhões.
Continuidade
Daniel Iliescu, que dá continuidade à hegemonia de 16 anos do PCdoB à frente da UNE, diz que "não saberia explicar esse acúmulo de ex-presidentes (da entidade) no ministério", e afirma ser uma "escolha pessoal, que não diz mais respeito à UNE, porque essas pessoas não são mais da instituição". O novo comandante da entidade afirma não ter pretensões de ocupar um cargo na pasta do Esporte. "Talvez isso sirva para tranquilizar as pessoas que achem que esse seja o caminho natural para ex-presidentes da UNE", afirma. Iliescu, no entanto, não descarta a possibilidade de se dedicar à vida pública.
Iliescu sinaliza que há outras diferenças entre suas percepções políticas e as de seus antecessores. O tratamento que pretende dar à prestação de contas dos repasses que a entidade recebe do governo federal é uma delas. Entre 2003 e 2009, foram mais de R$ 13,7 milhões recebidos para a realização de eventos em todo o Brasil. Além desse valor, a UNE recebeu mais R$ 30 milhões, em 2010, a título de indenização pela sede da entidade, desapropriada em 1964. Com esses recursos, a entidade vai construir sua nova sede, na Praia do Flamengo, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
O Correio questionou o Ministério do Esporte sobre o motivo de ex-dirigentes da UNE, filiados ao PCdoB, estarem agora ocupando cargos na pasta. A assessoria de imprensa do ministro Orlando Silva afirmou que, como em qualquer ministério, há quadros políticos e quadros técnicos e que o ministro escolhe para trabalhar ao seu lado pessoas nas quais confia.
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