quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Preservação da memória negra

Desde 1990, quando foi realizada a primeira edição do Congresso Luso Afro Brasileiro de Ciências Sociais (CONLAB), tem se intensificado as estratégias para aproximar os pesquisadores de países que possuem a língua portuguesa como idioma oficial. Em 2011, o evento aportou pela primeira vez em Salvador (BA) e reúne, desde domingo, professores de diversas partes do país, de Portugal e de outras nações africanas como Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Moçambique, com atividades no campus da Universidade Federal da Bahia (UFBA). De acordo com o coordenador geral, Livio Sansone, o encontro tem reforçado a sua vocação que é criar uma rede internacional de colaboração e fomento ao desenvolvimento cultural e científico. "A cada ano o congresso afirma o seu destino primordial que é constituir uma associação de cientistas sociais falantes de língua portuguesa. A ideia é que a gente consiga desenvolver uma rede capaz de movimentar projetos autônomos, capazes de gerar publicações de livros, realização de cursos e desenvolvimento de produtos para a internet, dentre outros", explica Livio Sansone. A fim de mapear a grande amplitude das discussões reunidas, durante o encontro foram criados 11 eixos temáticos subjacentes à proposta principal: Diversidade e (Des)Igualdade. Dessa forma, foram colocados em pauta aspectos políticos, econômicos e socioculturais que apontam contextos semelhantes compartilhados pelos participantes dos países envolvidos. Segundo a também coordenadora Jamile Borges, questões referentes às políticas públicas, às identidades culturais e à preservação da memória dos negros, dentre outras, marcaram a tônica deste encontro. "A questão racial vem bastante articulada com a aplicação das políticas afirmativas no contexto educacional, sobretudo. Recentemente, a UFBA aderiu a este programa, entre outras instituições. Mas o que vem m sendo mais discutido é o modo de execução desse projeto que cada vez mais caminha para levar em conta não só a questão dos negros, mas da mulher e da diversidade sexual", completa Jamile. Outro aspecto destacado por ela é a constatação de que grande parte das universidades dos países lusófonos encontra hoje situação semelhante. "De fato a gente percebe um ponto de convergência da produção intelectual. As universidades do continente africano, europeu e americano estão caminhando de maneira igual, apesar da diferença da de recursos", diz. Um dos projetos apresentados no congresso e destacado pela professora Jamile Borges foi o Museu Digital da Memória Africana e Afrobrasileira, que reflete a preocupação contemporânea com a identidade cultural dos negros após a diáspora africana. De caráter internacional, a iniciativa reúne fotos e documentos referentes à história dos negros. "O projeto tem recebido muitas colaborações, apesar de ter apenas dois anos. Nós realizamos parcerias com outros países como Caribe, Cuba, Colômbia, e há a maior participação das regiões onde há uma população diaspórica grande, como na Bahia", observa Borges.

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