quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Campanha oficial aponta prédio dos Transportes ao citar corrupção

Um vídeo que faz parte de uma campanha institucional do governo aponta, literalmente, para o Ministério dos Transportes exatamente no momento em que a narradora cita o combate à corrupção. "O governo combate a corrupção, controla gastos e investe bem", diz a narração, ao mesmo tempo em que uma mão aponta para o prédio e desenrola uma faixa com os dizeres "fazer mais com menos". Apesar de os prédios da Esplanada serem semelhantes, à exceção das sedes dos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores, o módulo que abriga os Transportes é identificável por sua posição relativa às bandeiras que aparecem na parte inferior do vídeo. Além disso, há antenas no topo do ministério dos Transportes, o que coincide com a construção apontada na peça publicitária. Lançada no início de agosto, a campanha "Brasil em boas mãos" é dividida em quatro partes, que abordam ações do governo com enfoque nos temas infraestrutura, educação, social e economia. O vídeo em questão é sobre a economia. Procurados pela reportagem do Terra para comentar a escolha do prédio dos Transportes na peça, os responsáveis pela ação dentro da Secretaria de Comunicação Social do governo não foram localizados nem retornaram as ligações. A crise no Ministério dos Transportes Uma reportagem da revista Veja do início de julho afirmou que integrantes do Partido da República haviam montado um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por meio de empreiteiras dentro do Ministério dos Transportes. O negócio renderia à sigla até 5% do valor dos contratos firmados pelo ministério sob a gestão da Valec (estatal do setor ferroviário) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O esquema seria comandado pelo secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto. Mesmo sem cargo na estrutura federal, ele lideraria reuniões com empreiteiros e consultorias que participavam de licitações do governo no ramo. O PR emitiu nota negando a participação no suposto esquema e prometendo ingressar com uma medida judicial contra a revista. Nascimento, que também negou as denúncias de conivência com as irregularidades, abriu uma sindicância interna no ministério e pediu que a Controladoria-Geral da República (CGU) fizesse uma auditoria nos contratos em questão. Assim, a CGU iniciou "um trabalho de análise aprofundada e específica em todas as licitações, contratos e execução de obras que deram origem às denúncias". Apesar do apoio inicial da presidente Dilma Rousseff, que lhe garantiu o cargo desde que ele desse explicações, a pressão sobre Nascimento aumentou após novas denúncias: o Ministério Público investigava o crescimento patrimonial de 86.500% em seis anos de um filho do ministro. Diante de mais acusações e da ameaça de instalação de uma CPI, o ministro não resistiu e encaminhou, no dia 6 de julho, seu pedido de demissão à presidente. Em seu lugar, assumiu Paulo Sérgio Passos, que era secretário-executivo da pasta e havia sido ministro interino em 2010. Além de Nascimento, outros integrantes da pasta foram afastados ou demitidos, entre eles o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, o diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, Hideraldo Caron - único indicado pelo PT na direção do órgão -, o diretor-executivo do Dnit, José Henrique Sadok de Sá, o diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves, e assessores de Nascimento.

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