terça-feira, 20 de setembro de 2011

Abbas descarta reunir-se com Netanyahu em Nova York

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, descartou reunir-se com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para retomar, como sugeriu nesta segunda-feira o líder israelense, as negociações diretas de paz em Nova York, onde os dois políticos participarão dos debates da Assembleia Geral da ONU.
O ministro das Relações Exteriores palestino, Riyad al-Maliki, deu estas informações durante uma entrevista à Agência EFE em Nova York, ao tempo que reconheceu que a delegação liderada por Abbas ainda não recebeu nenhum pedido formal por parte das autoridades israelenses e considerou que desse encontro "agora não sairia nada".
"O presidente Abbas não está disposto a reunir-se só pelo fato de reunir-se, para que Netanyahu tente mostrar que as coisas estão bem, que não há nenhum conflito. Não vamos permitir isso", afirmou o ministro palestino.
Desta forma, Maliki respondeu a Netanyahu, que pressionou Abbas a reunir-se com ele em Nova York em vez de "perder tempo" com o pedido de ingresso da Palestina como Estado-membro das Nações Unidas.
"Se falamos de um encontro com Netanyahu, dessa reunião deve sair algo que saibamos que irá representar algo", raciocinou o ministro, que encorajou o primeiro-ministro israelense a mostrar sua vontade negociadora "aceitando primeiro as fronteiras de 1967 e interrompendo de forma completa os assentamentos".
"Se for assim, não temos problema em reunir-nos com ele em Nova York, Palestina, Israel ou em qualquer parte do mundo para começar imediatamente as negociações políticas", acrescentou Maliki, que garantiu que os palestinos não aceitarão "pressão de ninguém" e que seguirão adiante com sua tentativa de conseguir o ingresso na ONU.
Abbas confirmou nesta segunda-feira ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que na próxima sexta-feira apresentará a solicitação de adesão da Palestina ao organismo internacional para que seja reconhecida como Estado "de pleno direito".
"Qualquer status inferior nos põe em uma posição muito incômoda com nossos princípios, nosso povo e com todos os que nos apoiaram ao longo dos anos", assinalou Maliki, ao tempo que reconheceu que seu pedido corre o risco de se ver frustrado no Conselho de Segurança da ONU, o órgão que deve dar o sinal verde inicial ao ingresso, devido ao poder de veto dos Estados Unidos.
"Por que temos que ser diferentes e sermos tratados como inferiores ao resto? Não aceitamos ser menos, somos iguais e, às vezes, melhores que outros países", assegurou o ministro, que apresentou dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial (BM) e da União Europeia (UE) para demonstrar que os territórios palestinos podem chegar a funcionar "melhor que outros países da região".
No caso de Washington exercer o veto, tal como os EUA asseguraram, e a solicitação palestina se ver frustrada, Maliki assinalou que "será preciso avaliar outras opções, como ir à Assembleia Geral".
"Os Estados Unidos nos disseram de forma muito clara que não querem nossa ida nem ao Conselho de Segurança nem à Assembleia, porque as duas opções nos abririam as portas a sermos membros de distintas organizações e agências, e assinar tratados, como o do Tribunal Penal Internacional (TPI), e levar Israel (a esse órgão) por sua ocupação", assinalou o palestino.
"Só direi que não há necessidade de a Palestina ir ao TPI se Israel ceder em sua ocupação e deixar de agir como uma força de ocupação. A pressão não deve ser voltada à Palestina, que é uma vítima, mas voltada a Israel", finalizou Maliki.

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