quinta-feira, 29 de setembro de 2011

CNT vasculha deserto à caça de Muammar Kadafi

Pouco mais de um mês após a tomada de Trípoli, o paradeiro de Muammar Kadafi ainda é incerto. Forças do Conselho Nacional de Transição (CNT) vasculham cada oásis no meio do vasto deserto líbio, atrás de rumores sobre o lugar onde o coronel líbio estaria escondido.
As especulações são várias, como a de que Kadafi estaria se deslocando pelo sul ou pelo oeste da Líbia, acompanhado de um grupo de guerrilheiros tuaregues. Acredita-se que ele possa estar próximo às cidades de Sabha e Ubari, não distante da fronteira com a Argélia e o Níger. A reportagem da BBC foi aos dois locais.
O comboio para a caça de Kadafi inclui veículos antigos, algum armamento antiaéreo, lançadores de foguetes e artilharia. A caçada segue por uma interminável sucessão de dunas no deserto do Saara. Na entrada de Ubari, habitada por tribos tuaregues, um imenso cartaz de Kadafi permanece pendurado, com o rosto cravejado de balas.
Um morador local conta à reportagem que "muitas pessoas apoiavam Kadafi e ainda o apoiam" em Ubari. "A gente ainda não pode se deslocar para qualquer parte da cidade", diz. Algumas ruas da cidade continuam tomadas por barricadas, onde a bandeira verde do antigo regime de Kadafi ainda tremula.
Aliados
Outro morador local disse ter ouvido que o número dois do regime, Abdullah Sanussi, cunhado de Kadafi e chefe da inteligência do regime, estava em Ubari uma semana antes. Sanussi, como outros líderes líbios, é procurado pelo Tribunal Penal Internacional, sob acusação de crimes contra a humanidade.
Segundo o medico Shahid Batenya, funcionário de um hospital local, cerca de 90% dos habitantes da cidade são provavelmente partidários de Kadafi. Ele relata que o regime de Kadafi distribuiu centenas de bombas a seus aliados na cidade, encorando civis a lutar contra as forças do CNT.
Tuaregues
Em um pequeno posto militar de milícias tuaregues, o militante tribal Abdullah Suqi, que se juntou aos revolucionários, conta que seu antigo comandante, aliado de Kadafi, fugiu com a maior parte de seus homens para o Níger.
Seu colega, Omar Sedi, diz não acreditar que Kadafi consiga sobreviver ou se esconder por muito tempo no deserto caso não tenha uma infraestrutura logística para abastecer seu comboio com combustível, água e comida. De Ubari até a fronteira com a Argélia e o Níger são 350 km de areia e rocha.
Vitória ou morte
Um tradicional bastião de apoio a Kadafi, a cidade de Sabha foi tomada com facilidade por forças do CNT há poucos dias. Entre os cidadãos presos pelas forças do CNT está Mohammed el Madani.
Professor universitário, ele conhece Kadafi de longa data, dos tempos em que estudaram juntos, há cerca de 50 anos. Madani chegou a ser um dos cinco representantes líbios no Parlamento Panafricano.
Sob prisão domiciliar, ele disse que encontrou Sanussi, o chefe da inteligência de Kadafi, há poucos dias. Madani diz acreditar que Kadafi está no deserto e afirma que o coronel líbio nunca irá desistir. "Ele disse que escolheria a morte ou a vitória. Como a vitória é agora muito difícil, a morte é mais provável", diz.

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