Publicado no “O Sul” de Porto Alegre em 23 de setembro de 2011
Tenho pena dos militares, mas também de todos os brasileiros. Que figuras estes nossos ministros da defesa, os dois últimos, então, parecem até que têm conchavo com a “quinta coluna yankee”. O mais alto, emproadíssimo, apregoava a compra de armamentos somente com transferência de tecnologia, mas acabou por acertar acordo na área militar, logo com quem? É de pasmar, nada mais nada menos do que com “Tio Sam”, justo o maior pretendente ao butim representado pela nossa grande região norte. O mais baixo, maquiavelíssimo, ainda não se mostrou ao que veio. Sua remissão será alcançada, sem dúvida, se conseguir dotar o País de um poder de dissuasão que afaste a “gang dos 5” dos “kozovos nacionais”, que ele próprio, de forma absolutamente descomprometida, fez vicejar.
Como podem ficar tranqüilos os militares com o atual titular da pasta? Aliás, o segmento civil da sociedade também deveria se preocupar, pois, em verdade, já foi alertado e sabe muito bem da guarda que se abriu quando, em 2007, o diplomata admitiu na ONU os termos da “Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas”. Hoje, não há como negar, um processo de “kozovonização” do território nacional progride a passos largos, fruto dos descaminhos palmilhados pelo MRE e coadjuvado pela visão míope do STM que garantiu a legalidade da posse de reservas contíguas à faixa de fronteira. Que expectativa de segurança para a paz interna, que futuro promissor para a manutenção da paz externa podem ser antecipados ao se ensejar a revitalização da cobiça estrangeira sobre a amazônia verde? Vai sobrar para os militares!
E a conseqüência grave deste ato impensado, por quem deveria enxergar nem que fosse um palmo à frente do nariz, já se manifesta. Uma mobilização sem precedentes de etnias está a alinhavar uma “carta declaratória” para entrega aos governos brasileiro e colombiano, reivindicando os direitos indígenas à posse da terra e o apoio à sua mineração. O mais interessante é que, aos gentios de Brasil e Colômbia, se juntaram na reivindicação os seus correspondentes dos EUA (Alasca) e do Canadá, justo os de países que, de forma sagaz, não assinaram a suspeitíssima declaração. Como podem dormir o povo brasileiro e as suas Forças Armadas com um barulho destes? O pior é que estamos sempre dormindo! Minha gente, o nosso ouro e outros minerais estão sendo entregues ao bandido de mão beijada!
Em tempos passados a Pátria Brasileira, para o seu povo, esteve acima dos governantes e dos políticos quando julgada em situação de crise. Foi assim em 1964, em 1988 e no “impeachment” de Fernando Collor de Melo, um clamor social de fé que fez do cidadão o paladino maior de sua soberania. A nação bramia: “o povo unido jamais será vencido!”. Agora, só com a população brasileira dando o murro na mesa se conseguirá reverter o rastilho de cizânia trilhado pelo nosso tecido social. São milhares de ONGs nacionais e estrangeiras a subverterem os índios por todo o território brasileiro e tudo isto por causa de uma assinatura leviana, sem nenhum compromisso com o porvir de nossa descendência. Mas não foi só ele, no governo FHC já tinha chanceler vilipendiando a nossa confiança. Este “outro Celso” consentiu até em ficar descalço para revista de sapatos por seguranças quando de visita aos EUA. Acho que não somente o primeiro, mas também o segundo, ambos constituem a antítese do que representou para nós o grande Barão do Rio Branco!
E não se parar por aí. Os militares também estão com o pé atrás com relação ao posicionamento do atual chefe da pasta em face da instalação da “comissão da verdade” que, diga-se de passagem, não deve ter nada em comum com o do seu antecessor. Que não se duvide, é grande a inquietação. Na área militar tem gente jurando que sua nomeação para o cargo se deve em muito, justamente, ao seu tranco ideológico, identificado sobremodo com o revanchismo atávico do seu partido.
Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Infantaria e Estado-Maior
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