Ralph J. Hofmann
Um dos melhores personagens elaborados por Jô Soares na sua carreira de comediante foi o Gardelon.
Este era um dos 250 mil ou mais argentinos que viviam entre o Rio de Janeiro e São Paulo na década de oitenta. Só que vivia de “bicos” que os amigos arrumavam para ele. Um pobre coitado a quem sempre propunham missões tais como a de empresariar um grupo de coristas virgens ao garimpo de Serra Pelada e evitar que fossem atacadas pela platéia. Gardelon era miserável, mas não era burro, portanto citava as muitas coisas que poderiam lhe ocorrer caso fosse e tentasse defender as donzelas. E acabava perguntando ao seu interlocutor: “Por que te lembraste de mim para este trabalho?" E ante a resposta; “Porque sou teu amigo”; grunhia: “Mui amigo!”
A neo-mitologia brasileira já conhecia este amigo do Gardelon há muito tempo.Pelo menos desde 1943 quando a revista O Cruzeiro publicou a primeira charge de Péricles de Andrade Maranhão sobre O Amigo da Onça.
Essencialmente O Amigo da Onça gostava de ver as pessoas em má situação. Tinha em alta dose o “Schadenfreude” , ou seja gostar de ver a desgraça alheia.
Seu nome deriva de uma velha piada:
“O que farias se aparecesse uma onça na tua frente?”
“Dava um tiro nela”
“Mas se estivesses sem arma de fogo.”
“Matava a golpes de facão.”
“Mas estás sem teu facão.”
“Matava a pauladas.”
“Mas não tens nenhum pau.”
“Subia na árvore mais próxima.”
“Mas não tem árvore alguma por ali.”
“Então sairia correndo.”
“Mas e se estivesses paralisado de medo?”
“Escuta aqui seu FDP, és meu amigo ou amigo da onça? “
Pois é, lendo os relatos do Lula em relação aos cascos, lendo as exortações do PC do B ao ministro Orlando Silva e repassando com o habitual desprazer todas as notícias do Brasil de hoje concluo que somos uma nação de Gardelons e nossos três poderes estão nas mãos dos Amigos da Onça.
Aliás o esquisito nariz do Amigo da Onça de Péricles Maranhão é de um vermelho característico de bom copo. Vai ver que raspando a barba do Lula ele fica igualzinho ao Amido da Onça.
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