segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Colômbia: 1,2 mil civis foram mortos por militares desde 1984
Mais de 1.200 civis foram assassinados pelos militares que os reportaram como "mortos em combate" nos últimos 27 anos na Colômbia, denunciou nesta segunda-feira o Centro de Pesquisa e Educação Popular (Cinep), uma ONG da comunidade católica de jesuítas. De acordo com o relatório, desde 1984 foram apresentados 760 casos com 1.249 vítimas dos chamados "falsos positivos", como são chamadas na Colômbia as execuções de civis fora de combate, mas que depois são apresentados como guerrilheiros abatidos em confrontos com a força pública.
"Trata-se de uma modalidade específica do crime de execução extrajudicial, no qual se utiliza um mecanismo fictício para esconder (...) o ato passivo de punição", explicou o relatório da ONG de defesa dos direitos humanos. Apesar de na Colômbia esse tipo de caso ter saído a público no fim de 2008, quando a imprensa denunciou o desaparecimento de 11 jovens pobres da cidade de Soacha, nos arredores de Bogotá, esse tipo de ato não é recente no país, segundo o Cinep.
O desaparecimento e posterior morte dos 11 jovens, que separadamente foram apresentados como guerrilheiros esquerdistas mortos em combates no nordeste do país, provocou a renúncia do então comandante do exército, general Mario Montoya e 27 de seus homens, incluindo três generais. O relatório do Cinep indica que o maior número de casos de "falsos positivos" se deu entre 2005 e 2008, período que coincide com a gestão do governo do ex-presidente de direita Álvaro Uribe (2002-2010).
Em 2005, ocorreram 131 casos; em 2006, 244 casos; em 2007, 388 casos; e em 2008, 213 casos. No início do governo de Uribe, o ministro da Defesa da época, Camilo Ospina, expediu uma controversa lei que oferecia incentivos aos militares que apresentassem resultados melhores na luta contra as guerrilhas esquerdistas.
Apesar de essa lei ter sido derrubada, e o sucessor de Uribe, o ex-ministro da Defesa e atual presidente Juan Manuel Santos, ter se comprometido com o respeito aos direitos humanos nas filas castrenses, no primeiro semestre de 2011 foram apresentados oito casos de "falsos positivos" que deixaram 17 mortos, informou o Cinep.
Frente à persistência desse problema, o Cinep disse que se não se trata de uma política de Estado no sentido estrito, também não foram casos isolados, ao lembrar um relatório de 2009 do relator da ONU para as execuções extrajudiciais, Philip Alston.
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