segunda-feira, 21 de novembro de 2011

OS REGULADORES

Ralph J. Hofmann

Esta segunda-feira ocorreu em São Paulo um destes eventos de suma inutilidade que costumam ser realizados para que um monte de parasitas dêem a impressão de que “labutam valorosamente pelo bem comum”.

Tratava-se do Congresso Brasileiro de Entidades de Interesse Social. À luz da infalível relação incestuosa que sempre transparece quando se investigam os vertedouros que levam ao desvio de recursos públicos para os bolsos dos detentores de posições de autoridade, seus parentes, apadrinhados e partidos através dessas entidades denominadas ONGS e OSCIPS parece que qualquer reunião desta natureza seria essencialmente um encontro de hienas e chacais trocando idéias sobre formas de aumentar seu avesso à carniça.

Contudo aparentemente seja por distração, seja para aparentar seriedade cometeram o erro de convidar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que inequivocamente ponderou: “O terceiro setor deveria ser independente do mercado e do Estado. É uma visão oposta do que está tão em moda. Virou ONGs para obter dinheiro para a corrupção.”

Estando também presente um dos mais notáveis exemplares do triunfo das técnicas de cruzamento genético do país, esta mescla de genes de urubú, hiena e chacal, Gilberto Carvalho, notável pelos altos cargos que tem ocupado com o dever único de batalhar pela blindagem de todo e qualquer crápula e mentecapto ministerial este naturalmente teve de dar sua contribuição à defesa da insânia que se apoderou dos altos escalões em 2003.

Deu a entender que Fernando Henrique não conheceria o Brasil a fundo e, portanto não aquilataria a “importância do trabalho das ONGs”. Declarou:

“Eu entendo a fala do ex-presidente Fernando Henrique porque de fato houve a incidência de problemas. Agora, nós acreditamos que esses problemas são exceções que estão recebendo o devido combate”, afirmou Carvalho. “Cada centavo do dinheiro público deve ser fiscalizado, mas isso não quer dizer que nós tenhamos que abrir mão dessa relação [com as ONGs]“.

Considerando a constatação, que já vem de muito tempo, de que há quase uma linha de montagem de ONGs que recebem altos valores para realizar tarefas que ficam apenas em belos relatórios ou nem mesmo isto o reconhecimento de que; “Cada centavo do dinheiro público deve ser fiscalizado”; é ridículo vindo da parte de quem vem.

Aqui devemos lembrar que ao assumir o poder em 2003 o atual governo recebeu uma rede consolidada de agências, autoridades e entes federais que vistoriavam e fiscalizavam atividades contratadas e delegadas pelos ministérios e que tinham independência de atuação. Imediatamente tratou de aparelhá-las e arrancar-lhes as presas, transformando-as em meros cabides de emprego para os apaniguados.

Estas agências haviam sido criadas ao longo de muitos anos, algumas até antes do regime militar, haviam atravessado incólumes os anos Sarney, Collor, Franco e haviam sido fortalecidas por FHC. Eram a parte prática de conceitos de Bulhões, Campos, Simonsen e Beltrão sobre a forma de ser do Estado como administrador.

Sua existência não tirava nada da autoridade do executivo, mas garantiam uma presença forte de um poder regulador e fiscalizador.

Nenhum membro do governo que neutralizou estas entidades tem o direito de defender o atual uso das ONGs.

Sugiro que de hoje até a data futura em que Gilberto Carvalho realize sua descida ao inferno carregue sempre uma bala de 9 mm no seu bolso. Caso contrário, se finalmente receber o que merece talvez um dia seus familiares recebam a fatura pela bala utilizada para fazer justiça.

Bem ao estilo de seus amigos de Beijing.

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