O NEGACIONISMO
Ralph J. Hofmann
"E a eles darei a minha casa e dentro dos meus muros um memorial e um nome (Yad Vashem) que não será arrancado." (Isaías 56:5.)
As distâncias e os diferentes estágios de nossas vidas num país complexo e moderno como o Brasil ocasionalmente fazem que percamos o contato regular com pessoas. Neste fim de ano tive o terceiro encontro em doze meses com meus filhos, hoje espalhados pelo Brasil e até no exterior.
Na quinta-feira passada estávamos reunidos no ritual do churrasco, cerimônia que há algum tempo não celebrávamos, e um dos presentes era uma figura da idade dos meus filhos, criada com eles quase como um quarto irmão.
Subitamente começamos a ouvir dele teorias negacionistas sobre o Holocausto. No caso isto era como falar da corda na casa do enforcado.
Evidentemente sabíamos como e através de quem ele obtivera tais idéias. Alegava que absolutamente não podia ter havido 6 milhões de mortos judeus, poderiam ser até algumas centenas de milhares, estourando a fita 3 milhões, que um massacre desta dimensão seria impossível.
Meus filhos contestaram. Não apenas foram 6 milhões de judeus como 2 milhões de ciganos, Testemunhas de Jeová e outros. Também houve 20 milhões de russos mortos, dada a natureza da guerra nas vastidões da Rússia, muitos mortos de frio e fome e muito menos em combate.
Ficou o diz-que-diz-que mas eu contestei que os alemães muito eficientes haviam registrado grande parte das mortes em controles atuariais. Uma contabilidade que parcialmente foi destruída mas que pelo mero número da tatuagem nos braços dos sobreviventes pode ser extrapolada.
Retornando à minha casa em Porto Alegre abri o arquivo eletrônico de Yad Vashem para verificar os números.
Yad Vashem (em hebraico: יד ושם ou Yad VaShem, a "Autoridade de Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto"), veja acima o trecho de Isaías donde vem o nome, é o museu e registro central do Holocausto.
Desde a década de cinqüenta vem juntando documentação sobre os mortos. Baseia-se em documentos, certificados e depoimentos de sobreviventes. Até o momento a lista nominal de mortos é de 4 milhões de pessoas. Há milhões de pessoas por identificar, mas a obra continuará enquanto for possível.
Pelo que já foi formalmente confirmado não é possível descartar o número de 6 milhões. Convido meus leitores a consultar: [http://www.yadvashem.org/wps/portal/IY_HON_Welcome (Repository)] caso se interessem.
Yad Vashem é o lugar mais visitado de Israel, mas aqui quero lembrar a glória dos amigos e não a vilania dos inimigos.
As emoções afloram no Bosque dos Justos Entre as Nações. É o lugar onde os não-judeus que se arriscaram para salvar judeus são homenageados. A cada ano são adicionados alguns nomes. Com o fim da URSS judeus salvos por russos ou cidadãos de
países da esfera soviética durante a guerra propuseram muitos dos nomes recentes. São 23.788 pessoas de 45 países, entre os quais dois brasileiros.
Sobre os Justos Entre as Nações recomendo o link abaixo: http://www1.yadvashem.org/yv/en/righteous/index.asp
Incluo um quadro de “Justos” como está incluindo Luís Martins de Sousa Dantas - Embaixador na França e Aracy de Carvalho Guimarães Rosa - esposa de Guimarães Rosa e funcionária do Itamaraty ambos reconhecidos como “Justos entre as Nações” em 1982.
Abaixo uma tabela incompleta, que apenas reflete as informações obtidas até o presente.
Albania 69 Latvia 129
Armenia 19 Lithuania 800
Austria 88 Luxembourg 1
Belarus 555 Macedonia 10
Belgium 1,584 Moldova 79
Bosnia 40 Montenegro 1
Brazil 2 Netherlands 5,108
Bulgaria 19 Norway 47
Chile 1 Poland 6,266
China 2 Portugal 2
Croatia 102 Romania 60
Czech Republic 108 Russia 173
Denmark* 22 Serbia 131
El Salvador 1 Slovakia 522
Estonia 3 Slovenia 6
France 3,331 Spain 4
Georgia 1 Sweden 10
Germany 495 Switzerland 45
Great Britiain
(Incl. Scotland) 14 Turkey 1
Greece 307 Ukraine 2,363
Hungary 764 USA 3
Italy 498 Vietnam 1
Japan 1
Total: 23,788
* Os partisães dinamarqueses pediram que os envolvidos nos resgate dos judeus fossem considerados apenas como grupo, não individualmente.
Lembro que muitos dos Justos não sobreviveram, e também que os sobreviventes guardaram registros que permitiram identificar muitas das pessoas desaparecidas.
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