Os países europeus consideraram que a retirada da missão da Síria fez sobressair a necessidade de uma intervenção por parte da ONU.
O ministro francês dos Negócios Estrangeiros contactou o homólogo russo na tentativa de travar a resistência de Moscovo ao projeto de resolução apresentado oficialmente na sexta-feira junto do Conselho de Segurança, indicaram diplomatas.
O projeto, elaborado pelo Reino Unido, França, Alemanha e que foi apresentado formalmente por Marrocos, país árabe dos 15 membros do Conselho de Segurança - visa "desbloquear" o atual impasse na ONU sobre o conflito na Síria.
"Nós vamos trabalhar com Marrocos, como líder, e outros membros do Conselho de modo a apresentar o texto de resolução até à data" prevista, afirmou um porta-voz da delegação britânica nas Nações Unidas.
A apresentação no Conselho de Segurança na próxima terça-feira "será o ponto de vista definitivo da Liga Árabe, mas a suspensão da sua missão de observadores mostra que nunca foram capazes de fazer o seu trabalho de forma adequada", aditou o responsável.
O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, e o primeiro-ministro do Qatar, o xeque Hamad Ben Jassem al-Thani devem comparecer em Nova Iorque no encontro de Conselho para pressionar a ONU a agir. O esboço apresentado no Conselho de Segurança das Nações Unidas "apoia totalmente" o plano da Liga Árabe que apela à imposição de sanções e prevê a transferência do poder para o vice-presidente, seguida de eleições. Uma proposta que "cruzou `as linhas vermelhas` que não podem ser ultrapassadas", na perspetiva do embaixador russo junto da ONU, Vitaly Churkin, que, na sexta-feira, reiterou que a Rússia se opõe a qualquer sinal de sanções, embargo de armas ou "mudança de regime".
Depois de Moscovo ter manifestado a sua oposição, o ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Alain Juppé, enviou uma mensagem ao seu homólogo russo, Sergei Lavrov, para "enfatizar a importância de uma cooperação construtiva entre a França e a Rússia" sobre a questão da Síria, segundo fez saber o porta-voz do chefe da diplomacia francesa, Bernard Valero. Vários outros ministros europeus mencionaram, entretanto, a necessidade de as Nações Unidas agirem rapidamente para que uma resolução sobre o assunto possa ser aprovada.
"Agora é tempo para a comunidade internacional se unir, incluindo concordarem acerca da resolução do Conselho de Segurança esta semana para deixar claro ao presidente Assad e ao seu regime que a `matança` tem de parar", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague.
"Uma reação clara do Conselho de Segurança da ONU é cada vez mais urgente", concordou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Guido Westerwelle.
"Tudo tem de ser feito para que seja obtido rapidamente um acordo acerca do projeto de resolução", reforçou, por seu turno, o porta-voz da França, Valero, através de um comunicado divulgado em Paris.
O Conselho de Segurança não aprovou uma única resolução sobre a Síria desde que estalaram os protestos contra o regime de Bashar al-Assad em março de 2011. Segundo o mais recente balanço da ONU, a sangrenta repressão dos protestos anti-regime já causou mais de 5400 mortos em todo o país.
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