quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A VIDA CONTINUA




A VIDA CONTINUA - Paulo Carvalho Espíndola, CoronelReformado

“Vamos constituir uma comissão interdisciplinar para fazer um mapeamento das áreas de risco em Nova Friburgo” (03/01/2012).

A declaração acima é de uma filósofa (ou será socióloga?) como tantas e tantos pseudo-sapientes que dão palpite em tudo na televisão, respaldados em suas ligações partidárias, como verdadeiros porta-vozes dos desgovernos que aí estão, em todos os níveis. Assim, tudo se mostra equacionado e mais e mais brasileiros morrerão em tragédias previstas e, o que é pior, irresponsavelmente “esquecidos” pelos governantes.

Lembram-se da “presidenta”, nos albores de 2011, em meio à tragédia que se abateu na região serrana do Rio de Janeiro?

Pois é... Ela, no seu andar de cavalaria rusticana, ao visitar a área do flagelo, deixou o aliado e governador do Rio resfoleado ao tentar acompanhá-la. Mil e uma declarações foram feitas, promessas mil foram vomitadas por essas “autoridades” e nenhum centavo foi aplicado para salvar vidas e aplacar a fúria da natureza neste país tropical, como qualificou o Brasil essa socióloga (ou será filósofa), apontando para a comissão interdisciplinar que fará (?) o mapeamento das áreas de risco que continuarão matando. Muita gente morreu, muitas famílias ficaram ao desabrigo e ainda estão. As encostas estavam desprotegidas e estão mais ainda.

Agora é Minas Gerais.

A Dra. Dilma, entojada por essas inconveniências, no gozo de suas férias na mordomia oferecida pela Marinha, aprestou-se a oferecer ao governador de Minas a sua solidariedade, dinheiros, e a sua força de segurança nacional. O quê vai fazer essa “força”, que ninguém sabe de onde vem, onde se aquartela e qual o fim a que se destina?

Dilma, neste ano, não se deu o trabalho de resfolegar um governador. Não largou seus drinques e nem deixou de degustar os fartos apetites da praia.

O dinheiro, no entanto, ela prometeu. A força de segurança, idem. As vítimas viverão, entretanto, e no próximo janeiro, vamos ver o que dizem.

Heróica foi a decisão de um prefeito de uma cidade de Minas, que decidiu interromper suas férias para acorrer ao seu município, alagado. Será que não correu para salvar seus papéis sujos da gaveta de sua escrivaninha? Nunca se sabe...

Aprendi, infelizmente, desde cedo, que, quando não se tem uma solução para um determinado problema, a criação de uma comissão resolve tudo. Seus integrantes discutem, divagam, exercitam os seus egocentrismos, viajam, ganham diárias e dinheiros para hospedagem e, daí.

Isso me lembra duma velha estória de um imaginário pelotão de fronteira.

Anualmente se fazia a troca do comandante do pelotão. O cabo velho sempre fazia as honras do novo comandante. Na revista ao pelotão, o novo chefe reclamava da apresentação e postura da tropa e “mijava” a todos. Terminada a apresentação, o cabo velho dizia: pelotão, continua o contrabando. Desse jeito, passaram-se alguns anos.

Um belo dia chegou um novo comandante. O cabo velho apresentou o pelotão e o novo comandante determinou que a tropa fosse dispensada, pois que ele queria, antes de tudo, de inteirar-se sobre tudo que acontecia ali. Nenhuma postura política, nenhuma promessa vã.

O cabo velho, frente à nova situação, não titubeou: pelotão, atenção, suspende o contrabando.

Vamos contabilizar os mortos deste ano. É mórbido, mas essa gente do poder não pensa assim.

Novos dinheiros são destinados às desgraças (?), muitos novos bolsos são recheados e VIVAM AS FÉRIAS, governantes. E continua o contrabando, afinal, a vida continua. Vamos mapear!

Só como lembrança e homenagem, em janeiro de 2011 morreram mais de novecentas pessoas, só na região serrana do Rio de Janeiro, onde essa imbecilóide apadrinhada pretende uma comissão interdisciplinar para mapear o infausto.

A vida continua, apesar de tudo

Paulo Carvalho Espíndola é Coronel EB Reformado

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