O Conselho Nacional Sírio (CNS), braço político da oposição na Síria, fez um apelo aos "Amigos da Síria" nesta sexta-feira para que armassem o Exército Sírio Livre e apoiassem toda forma de resistência popular contra o presidente Bashar al-Assad.
"Se o regime não aceitar os termos da iniciativa política esboçada pela Liga Árabe e não puser fim à violência contra seus cidadãos, os “Amigos da Síria” não restringirão países individuais de ajudarem a oposição síria com assessores militares, treinamento e fornecimento de armas para se defenderem", disse o CNS em um comunicado com sete exigências para o encontro internacional em Túnis.
As potências árabes e ocidentais estão divididas sobre se devem armar os rebeldes da Síria, com algumas autoridades temendo que tal medida apenas piore a violência e afete os países vizinhos, com governos diferentes apoiando grupos diferentes da oposição a Assad.
Embora o Exército Sírio Livre, formado em sua maioria por desertores do Exército oficial da Síria, tenha sido capaz de contrabandear armas e de comprá-las no mercado negro, os representantes da oposição síria que participam do encontro de mais de 50 nações disseram que até agora não havia um apoio militar estrangeiro formal para a oposição.
O vice-presidente da Liga Árabe, Ahmed Bem Helli, acredita que armar a oposição poderia levar à guerra civil. "Acho que isso complicará ainda mais as questões. Militarizar a oposição e os protestos vai criar uma situação complicada que poderia levar à guerra civil e isso não é o desejado", disse ele em Túnis.
Para o embaixador Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Investigação da ONU para a Síria, enviar armas aos rebeldes sírios seria "desastroso" para os esforços da comunidade internacional na busca de uma solução pacífica.
"Acho que será um desastre se armas forem enviadas ao Exército Síria Livre", disse Pinheiro em entrevista à Reuters. "As Forças Armadas Sírias são extremamente fortes", lembrou o diplomata. "Muitas armas já estão chegando à Síria provenientes de vários outros países, para o governo e para os grupos armados... Minha posição, e a posição da comissão, é de que não há uma solução militar para a crise. A única solução é um acordo negociado com o governo, a oposição, os grupos armados e o Exército Síria Livre", afirmou.
A questão sobre armar a oposição síria veio à tona nos últimos dias, depois que os Estados Unidos aparentemente sugeriram que não se oporiam ao armamento de rebeldes se todos os canais diplomáticos falhassem. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, sugeriu que a oposição da Síria terminaria se armando por conta própria.
Mesmo dentro do CNS há temores sobre o que a militarização de um levante de quase um ano significaria para um país no centro do Oriente Médio e parte de alguns de seus conflitos mais espinhosos.
"A militarização começou na Síria e estamos preocupados com a questão", disse Abdel Baset Sieda, do CNS, na véspera da reunião. "Se os sírios perderem a esperança na ONU e na Liga Árabe, será uma grave questão, e se ela arrastar a Síria para a guerra civil, acabará engolindo os vizinhos".
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