terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

CUBA A NAÇÃO PERDULÁRIA

Ralph J. Hofmann

Raul Castro agora faz crer que eliminando 1 milhão de empregos estatais vai gerar prosperidade, fazendo que os desempregados do estado passem a produzir mais em seus pequenos negócios.

É difícil acreditar que isto ocorra na medida em que em 1990 Cuba autorizou uma série de negócios, eles até deslancharam e subitamente o estado voltou a colocá-los na clandestinidade. Quem vai apostar em negócios se os fiadores da reforma são os mesmos que deram início e reverteram a reforma anterior?

O que vamos ter é uma intensificação do processo que, em relação à URSS, nos anos 80, o jornalista Patrick Meinel chamava de “cleptocracia”. As pessoas empregadas nos estabelecimentos (do governo) faziam escambo de produtos desviados do sistema com as pessoas com conhecimentos para corrigirem lacunas do sistema. No caso mecânicos de automóvel, pessoas que recuperavam eletrodomésticos, etc.

Imagina-se milhares de donos de banca de comida, barbeiros, lavadores de carro e borracheiros em Cuba. Vão vender seus serviços para quem?

A próxima etapa é a descoletivização das fazendas. Mas após 5 décadas quem sabe o que decidir plantar, quanto custa, como vender? Só os atravessadores que já fazem este trabalho hoje. Porém como restringir as ações dos burocratas do estado que não terão o que fazer? Podem ter certeza que ente os 1 – 1,3 milhões de demitidos do estado haverá poucos burocratas de alto nível. Estes já estão em seus cargos como terceira geração de uma “elite” de pessoas que foi “companheira” na Sierra Maestra. E sempre interferirão.

Cuba, ou ao menos o governo cubano é incompetente. Deu provas disto ao longo de cinqüenta anos. Seus administradores mais jovens sempre que se sobressaiam um pouco acabavam contidos pela gerontocracia(*) dominante, da qual eram filhos, sobrinhos ou afilhados.

Aliás, jovens que realmente acreditam em Cuba como farol de seu mundinho ideológico que saem com camisetas com imagem de “Che” não percebem que já quando de sua morte ele representava a repressão das idéias jovens que permeavam o mundo. Seus companheiros de luta agora mal conseguem andar com o corpo ereto devido à artrite, reumatismo e outros achaques de velho mas continuam a ser vistos como “revolucionários progressistas”. Neste panteão, Dilma e seu caquético assessor Marco Aurélio Garcia aos sessenta e poucos ou tantos anos representam a “juventude”.

Essa gerontocracia (*) passou 32 anos gozando um aporte de US$ 5 bilhões de dólares russos ao ano. Uns US$ 500 por homem, mulher e criança. E mesmo assim o país não conseguia alimentar-se com sua própria produção. Havia fazendas do governo com dissidentes ou pretensos dissidentes cultivando a terra como trabalhos forçados. E não conseguiam produzir a singela alimentação cubana, basicamente carne de porco e de galinha, arroz, milho e legumes. Tudo isto racionado desde a década de sessenta.

Com o subsídio russo deveria ter sido possível ao menos ter um país que se alimentasse. Mas não, a quantidade de calorias per/capita/dia passou 50 anos caindo. A produção de açúcar caiu. Tudo tem saldo negativo. E não fosse a ração liberal de açúcar barato que o governo oferece ao povo a contagem de calorias consumida por este seria ainda mais triste. Mas açúcar em excesso gera problemas de saúde. Então este deve gerar outros problemas.

Todas as pretensas conquistas da revolução cubana acabaram na lata de lixo. Os hotéis luxuosos do tempo dos americanos acabaram sendo ruínas. De uns 20 anos para cá grupos europeus construíram hotéis na ilha. E estes hotéis não se suprem de um único

frango cubano para suas cozinhas. Não há como produzir frango em quantidade e qualidade como se faz corriqueiramente no Brasil ou os Estados Unidos.

Lembro-me de que Cuba acabou com a prostituição. Mandou as “profissionais” do tempo de Batista para a reeducação. Hoje os turistas não têm a menor dificuldade de conseguir companhia feminina paga para algumas noites. Com a vantagem de serem médicas engenheiras e psicólogas.

Ou seja, o sistema eliminou a prostituição e voltou a gerá-la. E assim fez com outros itens considerados à época desvios, erros ou crimes contra o povo.

Para Cuba existe apenas uma saída. Manter a polícia para coibir algum abuso, mas coibida de interferir na vida econômica, colocar o exercito e a burocracia a colher cana e deixar o resto da economia totalmente solto, sem administração.

Assim a esperteza do camponês, a criatividade do habitante urbano poderão em quatro ou cinco anos criar uma economia funcional, sem artificialismo. São só 11 milhões de pessoas. Uma ninharia. Devem pode se virar com um mínimo de normas.

Laissez faire. Deixam que façam.

(*) Aristocracia composta de velhos já babando suas gravatas.

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