Ralph J. Hofmann
As universidades de Oxford e Cambridge estão dentre as mais antigas e respeitadas no mundo.
Cada uma delas tem sua União de Estudantes. Estas uniões lutam por coisas específicas de interesse do corpo dissente. Se abrirmos hoje o site da Cambridge Student’s Union vamos ver que está promovendo um movimento por melhorias dos salários dos professores sob o argumento que com baixos salários os melhores mentores terão de deixar suas carreiras no ensino para melhor servirem aos anseios de prosperidade de suas famílias. Também estão se manifestando sobre bolsas de estudo vinculadas ao mérito acadêmico.
Há outras duas instituições nestas universidades. A Oxford Union e a Cambridge Union. Estas não são uniões de estudantes. São sociedades de debates dos estudantes, em que os debatedores discutem propostas e dúvidas presentes na sociedade a qualquer momento.
As discussões são de altíssimo nível e além dos estudantes cada um dos lados pode convidar figuras públicas ou autoridades do mundo acadêmico para defender esta ou aquela posição.
As decisões, alcançadas por voto acabam sendo divulgadas pelos jornais e tem algum peso no pensamento da época.
Uma decisão famosa e que contribuiu para a escalada de posições na década de 30 foi a decisão pela Oxford Union, após longo debate, em outubro de 1933, ano em que Hitler tomou o poder e neutralizou as dissidências alemãs, de que: “Esta casa não pegará em aramas pelo Rei e pelo País.”
A decisão, alcançada por algo como 254 a favor e 146 contra correu mundo. Mandou um recado errado sobre a juventude inglesa.
Poucas semanas depois um diplomata inglês estando em Berlim ouviu de seu contraparte a seguinte frase: “Os senhores são uns frouxos!”
A decisão afetou o que se esperava da Inglaterra. Afetou também posições como a de Neville Chamberlain quando rifou a Tchecoslováquia entregando-a à Alemanha em troca de uma promessa vazia de paz do acordo de Munique.
E no fim, em 1939, quando a guerra realmente estourou, com a invasão da Polônia, de 3.000 graduandos a quem a universidade liberou para se alistarem, com a promessa de após a guerra seguirem adiante com seus estudos, 2.675 se alistaram, inclusive alguns dos maiores pacifistas.
Alguns dias atrás teve lugar um debate na Cambridge Union sobre se o Irã deveria ou não ser atacado se não desistir da bomba atômica.
Há na Internet um vídeo do jornalista Douglas Murray defendendo a posição de que o Irã tem sido uma força pela desestabilização de toda a região. Colocou que os diplomatas argumentam que o Irã não é tão ameaçador assim, propositalmente ignorando tudo que este país tem feito para massacrar seu próprio povo como e de semear instabilidades em todos os países da região, inclusive coibindo toda e qualquer possibilidade de regime democrático em países como o Líbano.
Finalmente tocou no assunto de Israel fazer ou não um ataque preemptivo contra o Irã, e neste ponto foi contundente.
Lembrou que em fim de setembro de 1973 Israel sabia que os Egípcios iriam invadir Israel, mas não ousou ensaiar um ataque preemptivo. Isto porque sabia que se assim fizesse os Estados Unidos não forneceriam peças e munições para seu equipamento.
Em 5 de Outubro de 1973 os Egípcios atravessaram o canal de Suez, contornaram a linha Bar Lev e suas colunas corriam céleres para atravessar o Passo de Mitla e assim iniciarem a invasão de Israel propriamente dito. Israel enfrentou-os, e apesar de grandes baixas conseguiu rechaçar o ataque, forçar uma retirada e atravessar o canal. Já estavam até na estrada para o Cairo mas pararam, justamente porque não fazia sentido enfrentar os problemas de uma ocupação.
Contudo, quando os americanos começaram a repor as munições nenhum país europeu aceitou o pouso de cargueiros com destino a Israel,
Portanto, a partir de Outubro de 1973 a Israel tanto se lhe dá a opinião dos países da Europa. Estão sempre preocupados com o petróleo, pouco se lhes dá a possibilidade de um massacre em Israel.
Um massacre que todo líder árabe, e especialmente os líderes do Irã afirmam ser seu objetivo. Por que não acreditar no que dizem?
Mais precisamente, diz Douglas Murray; “se Israel achar que deve atacar ao Irã e neutralizar sua capacidade nuclear, o fará. Afinal, o Imam Rasfanjani declarou que basta jogar uma bomba atômica em Israel para acabar com o país”.
Murray finaliza dizendo: “E sabem de uma coisa? Vocês aqui presentes, que vão votar contra tomar em armas para evitar que o Irã tenha a bomba respirarão aliviados se Israel atacar o Irã. Os Sauditas e os Bahreinis e os emirados e toda a Europa respirarão aliviados. Condenarão Israel mas respirarão aliviados.”
Abaixo o link da exposição de Douglas Murray.
http://www.foreignpolicyi.org/content/douglas-murray-debates-israel-and-nuclear-iran-
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