Ralph J. Hofmann
Pois é, a história estava esquentando, o pessoal do Rancho dos Ladrões estava cada vez mais violento, tomando cada vez mais terras dos fazendeiros e dos pequenos rancheiros, quando o capanga mais experiente saiu à rua, todo perfumado após ser escanhoado pelo barbeiro. .
E na rua ele descobriu que todos estavam olhando para ele com expectativa.
E uns 200 metros adiante um caubói mal enjambrado, feio, enrugado, com a pele seca e judiada feito uma manta de carne seca.
O capanga olhou ao caubói e começou seu cerimonial de sempre. Sorridente, confiante, ansioso por fazer mais uma marca na coronha do Colt, aproveitando-se da sua grande massa corporal e altura tenta intimidar o caubói muito antes de atirar nele. Os intimidados que se retirem, ou seja, quanto mais intimidado menos provável acertar.
Tudo isto ocorria enquanto o caubói e o capanga caminhavam um na direção do outro num passo regular, ritmado.
A cinqüenta metros o capanga se preparou para ver suor na testa do caubói. Esperava ver medo ou ao menos tensão nos olhos do caubói.
Mas não viu nada senão determinação e asco.
Aos dez metros viu apenas asco e desprezo.
O caubói não piscou. Nunca piscou. Nem chegou a puxar a arma.
O capanga sentiu medo. Correu da rua. Montou no seu cavalo. Foi procurar a Rancheira e contar que mesmo gritando se jogando no chão e espumando de raiva não conseguiria nada.
Esta turma era mais psicologicamente preparada do que Gabrielli e o pessoal do Ministério de Minas e Energia. Não choraria por qualquer coisa.Nem mesmo ante os impropérios de uma política prepotente. Tinham preparo militar, legal, científico, e psicológico. E experiência, muita experiência. Eram todos aposentados. Tinham tido tempo para estudar.
Estavam aí para ficar. Mesmo que demorassem para conseguir segurança.
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