terça-feira, 27 de março de 2012

Al Jazeera estuda divulgar vídeos de atirador francês

A emissora de televisão Al Jazeera estuda a possibilidade de divulgar os vídeos gravados pelo autor dos massacres de Toulouse e Montauban, Mohammed Merah, e pode publicá-los nesta própria terça-feira, assegurou seu diretor na França, Zied Tarrouche. A empresa recebeu um pen-drive com os vídeos filmados pelo atirador.

A decisão será tomada na sede da emissora, no Catar, precisou Tarrouche ao canal de televisão francês BFMTV. "Sim. É a direção do canal que irá decidir hoje. Há muitas questões por considerar", acrescentou sobre a difusão dos vídeos, que chegaram à sede da Al Jazeera em Paris por pacote postal com carimbos de quarta-feira passada, dia em que Merah foi encurralado em Toulouse. "Não somos um canal sensacionalista, não procuramos difundir imagens sem avaliar os riscos e as consequências", acrescentou Tarrouche.

Tarrouche acrescentou que as autoridades francesas não impedirão a divulgação das imagens. "O promotor não nos proibirá de fazer nosso ofício de jornalistas".

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé, pediu à emissora catariana que não divulgue as imagens, assim como o Conselho Superior do Audiovisual (CSA), instância independente que regula o setor.

O representante da emissora explicou que nos vídeos é possível "ouvir os disparos e os gritos das vítimas" de Merah, mas não deu mais detalhes de seu conteúdo. "Tecnicamente, estão bem feitas. As imagens estão montadas e misturadas com música, cantos religiosos e leituras de versos do Alcorão", acrescentou.

Com uma câmera presa ao corpo, Merah registrou os três massacres que cometeu: o de um soldado em Toulouse no último dia 11; o de outros dois na vizinha Montauban quatro dias mais tarde; e o de três crianças e um docente de um colégio judaico em Toulouse no dia 19.

As imagens foram autenticadas pela Polícia Judicial, e o pacote no qual chegaram à emissora continha um cartão de memória e uma carta. Os investigadores ainda tentam precisar se foi o próprio terrorista quem enviou o pacote ou se o trabalho foi feito por algum cúmplice.

Segundo a imprensa francesa, há 25 minutos de vídeo, que foi enviado desde uma cidade vizinha de Toulouse acompanhado por uma carta de reivindicação em nome da Al-Qaeda. A carta não corresponde à linguagem habitual empregada pela organização terrorista e não está redigida em árabe.

Sarkozy apela para não divulgação
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, pediu nesta terça-feira aos canais de televisão que não exibam sob nenhum pretexto os vídeos de Merah. "Peço aos diretores de todos os canais que não os exibam sob nenhum pretexto", afirmou Sarkozy em um discurso para policiais e magistrados.

A família de Jonathan Sandler, o professor da escola judaica de Toulouse assassinado ao lado dos dois filhos por Mohamed Merah, também pediu que as imagens não sejam divulgadas. "A família pede a todos os meios de comunicação que não exibam o vídeo e respeitem sua dor e luto", afirmou à AFP o advogado da família, Patrick Klugman. "Vamos recorrer a todos os meios judiciais possíveis para impedir tal difusão", acrescentou.

"Eu peço que não mostrem estas imagens. É meu filho que morreu, um filho de 30 anos. E querem mostrar isto como se fosse um filme. Por favor, não quero ver isto", declarou Latifa Ibn Ziaten, mãe de um dos soldados assassinados por Merah

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