A CURRA
Ralph J. Hofmann
A fotomontagem deste artigo me trouxe à memória uma triste palavra dos anos 50-60. Curra.
Naquela época grupos de jovens se reuniam para arquitetar esquemas para atrair a lugares ermos jovens moças que eram agredidas sexualmente por um grupo de pessoas.
O assunto era desconhecido para mim no interior do Rio Grande do Sul até o famoso caso do assassinato de Aída Cury que foi atraída para um prédio no Rio de Janeiro a título de lhe serem devolvidas a bolsa e material escolar que lhe haviam sido arrebatadas e que foi levada ao último andar e agredida por dois jovens de 17 e 19 anos e um porteiro até desfalecer. Depois foi jogada do prédio. Os culpados levaram leves tapinhas na mão.
O interessante é que essas curras não eram só organizadas por rapazes. Havia moças que ajudavam a atrair a vítima ao abate. Fotos de curras publicadas pela revista Manchete ou a Cruzeiro mostram meninas encorajando os rapazes e trocando carícias e beijos com os agressores, como se estivessem estimuladas pela violência.
A violência planejada nessas fotos não é contra indivíduos. O que vemos aqui é a volúpia do prazer ante a perspectiva da curra de todo um senado e todo um país.
Aparentemente é a cena antes da curra, e o ar de satisfação total depois do ato.
“Nunca tão poucos curraram tantos com tanta facilidade”. (*)
(*) Parafraseando Winston Churchill ao fim da Batalha da Inglaterra, derrotada a força aérea alemã referindo-se aos pilotos aliados (ingleses, franceses, poloneses, neo-zelandeses, australianos, tchecos, sul-africanos). “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário