sábado, 3 de março de 2012

A CURRA


Ralph J. Hofmann


A fotomontagem deste artigo me trouxe à memória uma triste palavra dos anos 50-60. Curra.

Naquela época grupos de jovens se reuniam para arquitetar esquemas para atrair a lugares ermos jovens moças que eram agredidas sexualmente por um grupo de pessoas.

O assunto era desconhecido para mim no interior do Rio Grande do Sul até o famoso caso do assassinato de Aída Cury que foi atraída para um prédio no Rio de Janeiro a título de lhe serem devolvidas a bolsa e material escolar que lhe haviam sido arrebatadas e que foi levada ao último andar e agredida por dois jovens de 17 e 19 anos e um porteiro até desfalecer. Depois foi jogada do prédio. Os culpados levaram leves tapinhas na mão.

O interessante é que essas curras não eram só organizadas por rapazes. Havia moças que ajudavam a atrair a vítima ao abate. Fotos de curras publicadas pela revista Manchete ou a Cruzeiro mostram meninas encorajando os rapazes e trocando carícias e beijos com os agressores, como se estivessem estimuladas pela violência.

A violência planejada nessas fotos não é contra indivíduos. O que vemos aqui é a volúpia do prazer ante a perspectiva da curra de todo um senado e todo um país.

Aparentemente é a cena antes da curra, e o ar de satisfação total depois do ato.

“Nunca tão poucos curraram tantos com tanta facilidade”. (*)


(*) Parafraseando Winston Churchill ao fim da Batalha da Inglaterra, derrotada a força aérea alemã referindo-se aos pilotos aliados (ingleses, franceses, poloneses, neo-zelandeses, australianos, tchecos, sul-africanos). “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos”.

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