Ralph J. Hofmann
O vocabulário Politicamente Correto (PC) é administrado por ignorantes funcionais.
Lembra-me o que eu dizia sobre os censores no tempo dos governos militares. Os encarregados de censurar os textos agiam a luz de idéias e princípios de difícil compreensão.
Já citei em algum artigo a censura ao livro “O Canhão e a Foice”. O livro era em essência sobre um canhão obsoleto que ao fim do livro é desmontado e seu tubo aproveitado para levar água aos campos num projeto de irrigação. Irrigação, campos foice, colheita. Nada mais pacífico e singelo.
O censor nem deve ter lido a obra, mas a foice na sua cabeça representava a feixe e o martelo.
Com base nisto eu deveria ter medo de carregar em público romances “best-sellers” ingleses com foice e martelo na capa. Alguém poderia confundir minha aventura do James Bond com um manual marxista.
Mas os arautos do PC são ainda piores. Querem sufocar a memória popular. No Brasil da minha infância as mulheres chamavam seus namorados, maridos e amantes de “nêgo”, mesmo que fossem loiros de olho azul e sardentos.
Nos jogos de futebol no campinho perto de casa qualquer um podia ser chamado de “negão” fosse branco, marrom, verde ou negro.
Isto é um fato. Como também é um fato de que mesmo chamar um negro de negro raramente era pejorativo. Podia ser pejorativo conforme o tom de voz. Mas eu asseguro que se quiser consigo dizer “seu afro-descendente”com asco na voz.
Apesar de ser judeu eu nunca concordei com a idéia do Jânio Quadros de tirar a palavra “judiar” do idioma brasileiro. Ela estava no idioma. Para que voltar o relógio para trás. Temos de conviver com os erros e os acertos de nossos antepassados. E convenhamos, como judeu eu já ouvi usar o termo normalmente assim como pejorativamente. Se achar necessário me defendo. Se achar que não foi com intenção negativa me calo ou sigo adiante com a conversa de maneira normal.
Mas o poder público brasileiro no afã de engessar todo o pensamento e a linguagem acabou por extrapolar.
Em boa parte da literatura hispano-luso-brasileira as referência aos ciganos são negativas. Na francesa também. Na música é outra coisa. O Bolero de Ravel, as operetas austríacas ...
Quem monta um dicionário deve registrar o que aí está, e não se atrever a mascarar fatos para ser PC. Dicionário não é panfleto. Dicionário é um registro.
Vejam abaixo mais uma tentativa de engessar o idioma e esquecer a história.
Sugiro que os ciganos do Brasil sejam consultados sobre se estão muito preocupados com o que o Dicionário Houaiss diz.
Apenas espero, pois não tenho à mão um Dicionário Houaiss, que o verbete também contenha informação sobre quem são os ciganos, sua origem sua comunidade e seu idioma.
Abaixo um trecho extraído do Videversus desta terca-feira. Velhaco não é o cigano. É o poder público que vai atrás destas coisas enquanto liberta criminosos muito mais sérios.
É uma pilhéria! (Veja no Houaiss o significado)
Ministério Público quer retirar Dicionário Houaiss das estantes por definir o cigano como "velhaco"
O Ministério Público Federal protocolou, em Uberlância (MG), uma ação judicial contra a Editora Objetiva e o Instituto Antônio Houaiss. Na peça, o procurador Cléber Eustáquio Neves pede que seja retirado de circulação o famoso Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa. Segundo o procurador, o dicionário atribui ao vocábulo “cigano” significados que, por serem pejorativos, difundem o preconceito e potencializam o racismo contra cidadãos de origem cigana, uma comunidade que, segundo o procurador, soma 600 mil pessoas no Brasil. No Houaiss, o verbete cigano inclui acepções como: “Aquele que trapaceia; velhaco, burlador”. Ou ainda: “aquele que faz barganha, que é apegado ao dinheiro, agiota, sovina”. Para o procurador, o dicionário afronta a Constituição ao “semear a prática da intolerância, especificamente da intolerância étnica”. Viola também a lei que tipifica o crime de racismo ao “albergar posturas preconceituosas e discriminatórias". Por isso, além de retirar o Houaiss das estantes, Cléber Neves deseja impor à editora e ao instituto responsáveis pelo dicionário o pagamento de indenização de R$ 200 mil por “dano moral coletivo” à comunidade dos ciganos. A ação judicial tem origem em uma investigação aberta há três anos. O escritório da Procuradoria em Uberlândia recebeu, em 2009, representação de um brasileiro de origem cigana. Queixava-se da discriminação e do preconceito difundido contra sua etnia pelos dicionários de língua portuguesa. Imagina se o procurador resolver se insurgir contra a literatura de Monteiro Lobato..... E alguns sambinhas, como aquele cujo verso diz: "Nêga do cabelo duro, qual é o pente que te penteia...."
Segundo sei ja esta proibido alguns personagens e o livro de Monteiro lobato censurado por falar no Saci pere e etv. Também o negrinho do pastoreio, ja ja não vai poder falar no boto , chapeuzinho vermelho é ecológicamente errado ,etc etc etc
ResponderExcluirComplicado vamos ter de reunir em cavernas e falar as crianças era uma vez e se alguem falar vai ser pego pelo bicho papão mas era uma vez no pais dos sonhos.........