sexta-feira, 2 de março de 2012

Marco Aurélio Garcia critica aplicação de sanções ao Irã


O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, criticou nesta sexta-feira a postura de aplicar sanções ao Irã como tentativa de impedir o programa de enriquecimento de urânio.
"O recurso à força pode, em vez de solucionar, agravar a situação", disse Marco Aurélio, que indagou: "Qual a situação hoje (do programa nuclear iraniano)? Pior".
O Brasil foi voto vencido no Conselho de Segurança da ONU que aplicou sanções ao país de Ahmadinejad, mas a postura diplomática brasileira é de respeitar e acatar decisões colegiadas das Nações Unidas.
O assessor negou que Brasil e Irã tenham se distanciado e disse que o diálogo continua bom entre Brasília e Teerã. De qualquer maneira, em um giro recente do presidente Mahmoud Ahmadinejad pela América Latina, o Brasil ficou de fora do roteiro.
Marco Aurélio se esquivou ao ser indagado sobre uma possível visita de Dilma ao Irã. "Ela não conseguiu nem visitar todos os países da América do Sul". Em mais de uma oportunidade, o embaixador iraniano em Brasília levou convite formal ao Planalto. "Vocês sabem quantos convites a presidenta recebe?", questionou.
Desde novembro, o Brasil começou um diálogo com autoridades iranianas para a libertação de um pastor local que nasceu muçulmano, mas se converteu ao cristianismo. Ele estava sendo ameaçado de execução, mas o Irã negou que tivesse sido pelo abandono da fé islâmica.
Não é a primeira vez que o Brasil intermedeia resoluções sobre direitos humanos no Irã. O emblemático caso de Sakineh Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, foi discutido discretamente entre autoridades dos dois países. Sakineh não foi executada, e a pena por apedrejamento no Irã, abolida.
Marco Aurélio preferiu não falar sobre violações de direitos humanos. Ele reiterou a declaração da presidente Dilma de que o Brasil "tem telhado de vidro" sobre o assunto. "Não somos tribunal do mundo e não queremos exportar nossos valores", disse.

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