As informações sobre os acusados devem ser repassadas ao Disque Denúncia da Polícia Civil. Segundo SSP, o valor foi doado por um grupo de empresários --que pediu para não ter a identidade revelada-- interessado em ajudar na elucidação do caso.
As informações devem ser repassadas pelos telefones (0 XX 98) 3223-5800 ou 0300-313-5800 (para moradores do interior do Maranhão).
Décio Sá trabalhava no jornal "O Estado do Maranhão" --pertencente à família Sarney-- e escrevia em um blog famoso por informações de bastidores da política no Estado. Ele também trabalhou no jornal "O Imparcial" e chegou a ser correspondente da "Folha de S.Paulo" no final dos anos 90. O jornalista deixa mulher e um filho de 8 anos.
Para esta quarta-feira (25) está marcada a divulgação do retrato falado do acusado de entrar no bar e efetuar os disparos. Segundo testemunhas, que estão ajudando na confecção do retrato, o homem responsável pelos tiros --que não usou qualquer instrumento para efetuar os disparos-- era alto, moreno e com cabelo liso.
A SSP informou ainda que os depoimentos tiveram início nesta terça-feira. Cerca de 20 pessoas, entre amigos e testemunhas, devem ser ouvidas pelo delegado Maymone Barros, da Delegacia de Homicídios de São Luís.
Além dele, outros delegados também participam da investigação, em uma força-tarefa montada pelo governo maranhense.
O MP (Ministério Público) do Maranhão informou que vai designar uma comissão de promotores da área criminal para acompanhar as investigações da Polícia Civil. A ideia é garantir uma “elucidação do crime de forma célere e transparente”.
“Teia de aranha”
Pela manhã, o delegado Sebastião Cabral, titular do 9º Distrito Policial (na área onde ocorreu o crime) --um dos responsáveis pela investigação -- o fato de o blogueiro ser "bastante atuante" abre um leque extenso de hipóteses.
“É uma teia de aranha que vamos desvendar, indo por várias hipóteses para, ao final, podermos chegar aos autores e mandantes do crime”, disse Cabral, acrescentando que não ter dúvidas de que o assassinato de Decio Sá tem características de crime de pistolagem.
“A forma em que os homens na moto chegaram apontam que o alvo era mesmo o jornalista. Não temos dúvida disto. A descrição desta cena nos leva a crer que o assassino foi confirmar quem era o alvo e executou o rapaz”, afirmou o delegado.
Sarneys lamentam
Políticos locais divulgaram nota de pesar pela morte do jornalista. A governadora Roseana Sarney (PMDB), “bastante chocada”, lamentou a morte de Décio Sá e “repudiou o ato bárbaro e brutal praticado por assassinos covardes.”
“O governo em hipótese alguma ficará inerte diante de tamanha brutalidade. A governadora determinou que todas as providências fossem tomadas pela Secretária de Segurança Pública para a imediata resolução do caso, para que os criminosos sejam presos e paguem pelo ato de barbaridade, que comoveu o Maranhão e, em especial, a classe jornalística”, disse, em nota oficial.
O pai de Roseane, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), também divulgou nota. “É com grande indignação e profundo pesar pessoal que lamento a morte do jornalista Décio Sá.
“Brutalmente assassinado, o jornalista foi pioneiro no jornalismo online maranhense e tinha como principal virtude profissional a busca pela notícia, pela reportagem investigativa, que a muitos incomodava, mas também lhe garantia um espaço único no cenário jornalístico e uma legião de seguidores”, disse o ex-presidente da República.
José Sarney disse ainda que o crime foi “hediondo, brutal e cruel” e cobrou investigação. “[O assassinato] tem que ser desvendado para punir os culpados e despertar, cada vez mais, a consciência para a proteção e o respeito à liberdade de imprensa. Seu assassinato, além de uma atrocidade, é um atentado à democracia”, afirmou.
Relatório fala em morte de jornalistas no Brasil
Ontem, em relatório divulgado antes da morte de Décio Sá, a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) apontava para um aumento nos casos de assassinatos de jornalistas no Brasil --no período de seis meses, foram registrados 27 casos de crimes e violências contra a imprensa, incluindo assassinatos, agressões e atentados.
Já um levantamento do CPJ (Committee to Protect Journalists), divulgado no último dia 17, indica que o Brasil é o 11º país do mundo em que os assassinatos de jornalistas mais ficam impunes. De acordo com o "Índice da Impunidade" elaborado pelo órgão, cinco mortes de jornalistas nos últimos dez anos não resultaram em nenhuma condenação no país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário