Com um olhar triste e perdido, Barack Obama sentou-se no ônibus onde a costureira negra Rosa Parks, em 1955, em Montgomery, Alabama, recusou-se a ceder o lugar para um homem branco. Ela foi presa. Iniciou-se um boicote à companhia de ônibus. Foi uma ação chave na movimentação que levou à assinatura das leis de Direitos Civis.
O ônibus tornou-se um símbolo da luta pelos direitos dos negros americanos.
Foi uma das mais belas lutas e muitos ativistas restam desconhecidos.
Obama afirmou que refletiu sobre a coragem e a tenacidade das pessoas que não entraram para os livros de história, mas que insistiram em sua dignidade apostando no sonho americano.
Todavia o olhar de Obama era triste. Profundamente triste. Por trás do ar reflexivo, guardava uma melancolia irrefutável.
Obama não transparecia vitória. Logo ele, símbolo desse triunfo.
Tem gente que chega ao poder e empaca. Mesmo com as melhores intenções não consegue ir além, na proporção esperada.
Casa Branca /Divulgação | ||
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Obama teve uma conjuntura mais do que favorável para realizar uma mudança histórica no país.
Claudicou diante dos bancos e das instituições financeiras. Fez algo. Porém foi menos ousado do que se esperava. De "Yes, we can"para "Yes, he can´t". O slogan sugeria mais. Propunha mudar o padrão Bush e outros equívocos americanos.
O olhar de Obama sugere uma tristeza consigo mesmo. Talvez a falta da tenacidade e coragem que ele exaltou nos heróis anônimos que sustentaram a luta contra o racismo e a discriminação.
Obama não transpôs a "risca de giz" que separa os líderes das realizações mais ousadas. Separa o líder do estadista. Ir além e fazer aquilo que as pessoas realmente esperam. Não o óbvio. Não adianta ser a favor da luz elétrica nem da água encanada. É preciso mais. Enfrentar desafios e riscos para mudar a realidade em volta.
Obama não foi além. Conteve-se.
Não sei se eleitoralmente isso vai lhe render a reeleição por não bater de frente com o "poder estabelecido".
Só sei que não vale chegar ao poder e não tentar. Tentar "mudar o mundo" mesmo sabendo que se muda tão pouco.
O olhar de Obama, para mim, sugeria uma tristeza consigo mesmo.
Acho que ele sentiu a distância entre ele e Rosa Parks. Pronunciou palavras dirigidas para si próprio.
Naquele histórico banco, ele emitiu um olhar sem poder.
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