segunda-feira, 30 de abril de 2012

Shabat Shalom Barack Obama

Por Fernando Bisker - Miami - EUA para a Rua judaica

O Presidente Barack Obama nomeou seu novo chefe de gabinete, Jacob (Jack) Lew, para ocupar o cargo de maior ranking dentro do escritório executivo do presidente dos Estados Unidos, onde serve também como conselheiro do presidente.

Um fato interessante surgiu nesta nomeação. Jack Lew é um judeu religioso, que assume publicamente que cumpre à risca o shabat, as rezas e a alimentação kasher.

Para uma pessoa normal, trabalhar 5 ou 6 dias na semana e descansar no shabat não seria um problema, mas como se diz aqui nos Estados Unidos, existem empresas e empregados que devem trabalhar 24/7, expressão usada para o trabalho/funcionamento por 24 horas por dia, 7 dias na semana.

Neste caso, a Segurança Nacional não estaria em jogo? Como ele se comportaria em um caso assim?

Em caso de "pikuach nefesh", ocasiões onde a vida humana estaria em jogo, Jack Lew já tem combinado com Barack Obama e seus assessores, que ele estará disponível para o necessário.

Foi publicado em um jornal em Washington que Bill Clinton, na época presidente, telefonou para Jack Lew (que ocupava um cargo do alto escalão) e pediu para ele retornar a ligação. Passados 5 minutos, novamente o presidente ligou e disse: "Desculpas, esqueci que era Shabat, nada urgente, Shabat Shalom."

Em geral muitas pessoas pensam que cumprir o shabat e as leis judaicas pode vir a atrapalhar sua posição profissional, mas se no próprio Estados Unidos, Barack Obama não teve problemas com isso, muito pelo contrário, demonstrou respeito e admiração, vemos mais uma vez as sábias palavras de nosso Talmud: "Aquele que tem orgulho de seu judaísmo, será respeitado e admirado por todos, mas aquele que tem vergonha de demonstrar suas origens, será lembrado que é judeu, quer queira, quer não queira."

Lembro de uma história que aconteceu comigo há quase 10 anos. Estava em uma pequena cidade em Rondônia, em uma Região Amazônica, onde era o único judeu, e ainda por cima, usando uma kipá. A pessoa que fui visitar tinha uma reunião com a prefeita da cidade e me pediu para ir junto. Ao ver-me de kipá, a prefeita se retirou da sala por um minuto, foi falar com seu assessor, e voltou logo depois para a reunião. Passaram-se 10 minutos, entrou o assessor e disse que a prefeita pediu para ele ir especialmente comprar uns sanduíches do restaurante ao lado, para receber o convidado que veio de tão longe (na época eu morava em Israel). A prefeita colocou a bandeja na mesa, com aqueles sanduíches saindo fumaça, queijo, bacon, calabresa, maionese, etc., e com um sorriso me disse: "Por favor, sirva-se, estamos orgulhosos de um visitante vindo de Israel." Fiquei contente com a atitude da prefeita, mas por outro lado não iria descumprir meu dever de judeu para evitar um clima desagradável.

A prefeita percebeu que eu não estava comendo e disse: "Algum problema?" Respondi para a prefeita: "Sra. prefeita, fiquei muito contente com seu amável gesto, e queria lhe explicar que infelizmente não poderei comer este sanduíche, que parece muito gostoso, uma vez que nós, judeus, temos uma alimentação diferenciada e que somente nos permite comer determinados alimentos preparados de uma forma especial." Ela me respondeu: "Mas esta é a melhor calabresa da cidade."
Disse a ela que não tinha dúvidas disso, mas era uma questão religiosa que se fosse explicar iria demorar horas e sabia que seu tempo era curto. Neste momento abri minha maleta e a presenteei com um pacote de chocolates de Israel, e disse: "isso é para sua sobremesa". A prefeita parou por um momento, agradeceu, e após terminar a refeição falou: "Sabe, a cada dia respeito mais o seu povo, mesmo vendo que você estava com fome e com este forte aroma saindo do sanduíche, vi que você não quebrou seus preceitos, e não se importou que pudesse ficar mal comigo caso não comesse. Sendo assim, posso aproveitar sua presença e fazer algumas perguntas?" E a prefeita contou que perdera seu pai no mês anterior a minha visita, e aproveitou para indagar sobre várias questões que ela sempre teve dúvidas. A conversa foi ótima, a visita também, e naquele dia foi estabelecido um nível de confiança que dificilmente teria sido criado em uma outra circunstância. Despedimo-nos e depois de concluída esta viagem, retornei a Jerusalém.

Quanto ao Sr. Jack Lew, ele não precisa se preocupar, pois não terá este problema, já que atualmente existe a opção de cardápio kasher no bufê da Casa Branca.


Seder de Pessach na Casa Branca, com cardápio Kasher

Nenhum comentário:

Postar um comentário