quinta-feira, 24 de maio de 2012

CPI adia votação de quebra de sigilo da Delta para próxima terça (29)

Decisão foi tomada após auxiliares de Cachoeira se calarem em depoimento.
PF aponta repasses da Delta para empresas fantasmas do bicheiro. A CPI mista que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários decidiu adiar a sessão administrativa para votar a quebra o sigilo das contas nacionais da construtora Delta e a convocação de governadores supostamente ligados ao esquema de Cachoeira. A sessão ficou para a próxima terça-feira (29).

O requerimento que pedia a votação dos requerimentos nesta quinta-feira, de autoria do senador Pedro Taques (PDT-MT), foi rejeitado após acordo entre os líderes partidários. Taques, líder do PDT, e o deputado Silvio Costa (PTB-PE) negaram ter participado do acordo.

"Eu estou estarrecido. Há um acordo em que eu não participei", disse Costa.

As investigações da Polícia Federal mostram que a Alberto & Pantoja Construções recebeu da Delta nacional R$ 26 milhões. A empresa funcionaria numa oficina mecânica, numa cidade perto de Brasília. Os parlamentares cobram a quebra de sigilo da empresa em razão de evidências de que a empresa tenha repassado milhões a empresas de fachada que abasteceram a quadrilha de Cachoeira.

Na conta da Brava Contruções, que, segundo a polícia, também é uma empresa de fachada que serve ao esquema de Carlinhos Cachoeira, a Delta nacional depositou pouco mais de R$ 13 milhões.

A quebra de sigilo da Delta no Centro-Oeste já foi aprovada pelos parlamentares.

Governadores
A votação da convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), também ficou adiada para a próxima terça-feira.

De acordo com investigações da Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira em fevereiro, auxiliares dos governadores de Perillo e Agnelo são citados em conversas telefônicas com integrantes da quadrilha do contraventor.

Já o governador do Rio, Sérgio Cabral, aparece em fotos ao lado do ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, durante uma viagem a Paris. Segundo investigações da Polícia Federal, a Delta, uma das empresas com mais contratos com o governo federal, repassou dinheiro para empresas fantasmas que abasteciam o grupo de Cachoeira.

Depoimentos
A discussão sobre transformar a sessão de depoimentos em reunião administrativa ocorreu após terem sido suspensos os depoimentos do sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e o sargento da Polícia MIlitar do Distrito Federal Jairo Martins de Souza, apontados como auxiliares do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Eles se recusaram a falar à CPI e foram dispensados pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).

Nos depoimentos da comissão, os depoentes têm o direito de permanecer em silêncio,como fez o contraventor Carlinhos Cachoeira, em depoimento na última terça.

A sessão da CPI começou por volta das 10h30 com o depoimento do ex-vereador Wladimir Garcez, que leu um depoimento no qual negou influência no governo de Goiás e depois for interrogado por parlamentares por cerca de uma hora e meia.

Depois, por volta de 12h15, Dadá foi chamado à sala da comissão e dispensado minutos depois após afirmar que não daria esclarecimentos. A sessão chegou a ser suspensa e retomada logo em seguida para o depoimento de Jairo de Souza, que foi dipensado também. Os parlamentares começaram então a discutir se transformam a sessão em reunião administrativa para votação de requerimentos.

Antes do depoimento, o advogado Leonardo Gagno, que representa Dadá e Jairo, já havia afirmado que ambos permaneceriam calados. Diante do anúncio feito pelo advogado, antes de Dadá começar a falar, os parlamentares concordaram em suspender os depoimentos caso os dois se recusassem a responder.

"Temos de mostrar aqui que não estamos num teatro de marionetes", disse o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR).

Wladimir Garcez
Em depoimento, o ex-vereador de Goiânia (GO) pelo PSDB Wladimir Garcez, tido como um dos principais auxiliares do contraventor, negou durante depoimento que "integre qualquer organização criminosa".

À CPI, Garcez leu um depoimento e afirmou que foi contratado pela empresa Delta Construções para assessorar o ex-diretor da empresa no Centro Oeste Cláudio Abreu - que foi preso no mês passado - e negou qualquer influência no governo de Goiás. Após a leitura do texto, Wladimir Garcez se recusou a responder às demais perguntas dos parlamentares.

Garcez foi o primeiro depoente a falar para os parlamentares que integram a comissão, criada para apurar as ligações do bicheiro com agentes públicos e privados. Na terça, o bicheiro Carlinhos Cachoeira ficou calado durante seu depoimento.

Segundo o ex-vereador, sua missão como contratado da Delta era assessorar Cláudio Abreu, e que pelo trabalho “ganhava R$ 20 mil”. “Nunca participei de qualquer processo licitatório”, afirmou. Ele também disse que auxiliou Cachoeira em uma empresa do contraventor.

Questionamento ao relator
Durante a sessão, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) acusou o relator da CPI de ter direcionado as perguntas feitas a Garcez, não respondidas, para prejudicar o governador de Goiás, Marconi Perillo.

Segundo Sampaio, Odair Cunha agiu como representante do governo federal ao fazer predominantemente indagações sobre a relação de Garcez e do bicheiro com Perillo.

“Está muito claro o direcionamento que está havendo aqui hoje. Eu podia pedir a palavra e fazer 30 perguntas sobre o envolvimento do governador Agnelo Queiroz”, disse Claudio Sampaio. “Não passe a imagem à opinião pública de que está fazendo um papel de governo. Vossa Excelência é um magistrado”, complementou o tucano, dizendo que todos os integrantes da CPI devem se comportar com isenção, como juízes.

O relator rebateu: "Fiz as perguntas que achei pertinentes. Se ele [Garcez] pertence aos quadros do PSDB não é minha responsabilidade."

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