A não convocação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações da quadrilha do bicheiro-empresário Carlinhos Cachoeira repercutiu mal entre deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Blindado na Casa por maioria dos deputados, Cabral ainda deve explicações sobre as viagens feitas a Paris e Mônaco em 2009 e todos os contratos firmados com a empreiteira Delta Construções - a maior parte sem licitação.
Segundo levantamento do deputado Marcelo Freixo (PSol), dos 58 contratos levantados com secretarias do Estado, 30 foram assinados em caráter emergencial. Somados, os contratos sem licitação totalizam R$ 206,8 milhões. A maioria é da Secretaria de Obras.
"A não convocação do governador revela o que todos já sabem: ele está blindado. Oferece vantagens aos deputados e secretários para não ser investigado. O SMS trocado com o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT), flagrado por uma equipe de TV, foi quase uma declaração de amor. Tenho esperança na quebra de sigilo da Delta. Os dados a serem divulgados vão revelar que a rota do Rio de Janeiro está muito envolvida com o esquema de Carlinhos Cachoeira. Quero ver o Cabral escapar de prestar esclarecimentos depois disso", atacou a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ). A deputada não conseguiu instaurar uma CPI na Alerj para apurar os gastos do governador com viagens. O mínimo necessário para a instalação da Comissão era de 24 assinaturas. No entanto, o número parou em 14.
Clarissa atacou ainda a "grande aliança" formada pelos dois maiores partidos do Congresso.
"Não vejo motivo para deixar o Cabral de fora da CPMI. Há uma grande união dos dois maiores partidos: o PMDB e o PT. Há um grande acordo para livrar o Cabral. Temos uma viagem a Paris que explicita a relação do governador com o proprietário da Delta - Fernando Cavendish. Também temos contratos milionários da Delta com o governo estadual, muitos sem licitações. Faltam evidências para os parlamentares?", indagou.
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