É o fundo do poço, as instituições ou desmoralizadas pelos canalhas ou ameaçadas por eles.....
A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, minimizou as ameaças sofridas pelo juiz Paulo Augusto Moreira Lima, que, após o acontecimento, resolver abandonar o posto de julgador do caso Carlinhos Cachoeira. Lima se afastou mesmo após ter pedido reforço em sua segurança pessoal.
O relato da ministra veio após uma reunião de cerca de duas horas com os envolvidos no caso, nesta quarta-feira. Moreira Lima disse que não se sentiu desprotegido pelo CNJ e afirmou que estava cansado após 16 meses à frente do caso. "Tratamos se o magistrado estava se sentindo inseguro do ponto de vista físico ou moral. A corregedoria mostrou ao juiz que tinha a instituição como proteção e ele disse que estava se sentindo seguro. No nosso entendimento, deixá-lo à frente do processo depois que ele disse que está cansado seria um ato de desumanidade", afirmou Eliana Calmon.
No entanto, no ofício encaminhado ao corregedor geral do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), Carlos Olavo, o juiz Moreira Lima relata que seguia esquema rígido de segurança por recomendação da Polícia Federal, mas que sua família foi abordada por policiais e que foi alertado da possibilidade de sofrer represálias nos próximos meses.
No mesmo documento, o magistrado relata que havia solicitado, em fevereiro, carro blindado, mesmo em horário fora do expediente, e viagem de três meses para o exterior a partir de setembro.
Mesmo minimizando a saída do juiz a um episódio de cansaço, Eliana Calmon acabou dando detalhes sobre as ameaças sofridas por Moreira Lima. Ainda assim, afirmou que as histórias são "futricas" e que não haveria nada de concreto.
"O juiz confirma apenas a questão de um telefonema que ele recebeu de alguém de um presídio de segurança máxima, de um carcereiro. E de um policial militar, que visitou os pais dele. O carcereiro dizendo que ouviu conversa de um preso dizendo alguma coisa, eu nem lembro mais. É muita futrica, muita intriga que tem nessa história. Alguém disse porque disse que ouviu, mas nada de concreto", relatou a ministra.
Questionada se Moreira Lima continuaria contando com proteção policial, Eliana Calmon contradisse informação dada pelo ex-corregedor do TRF-1, desembargador Cândido Ribeiro. Segundo ele, o juiz teria pedido o fim da escolta entre março e abril. Já a ministra informou que a segurança a Moreira Lima foi mantida. "Até onde me consta, foi retirada apenas a escolta ostensiva", disse Eliana Calmon.
Suspeita
A saída de Moreira Lima do caso causaria o retorno do juiz titular da 11ª Vara Criminal de Goiás, Leão Aparecido Alves. Ontem, no entanto, Leão se declarou impedido de assumir o processo por motivo de foro íntimo. Ele é amigo de um dos investigados, o empresário José Olímpio de Queiroga Neto, suspeito de ser o responsável pelo gerenciamento das casas de jogos de Carlinhos Cachoeira no entorno do Distrito Federal. Leão deixou a reunião sem falar com os jornalistas.
Nas interceptações feitas pela Polícia Federal, um dos celulares de Leão aparece na lista dos telefones grampeados. Segundo informações do próprio juiz, que também é afilhado de casamento de Queiroga, o aparelho teria sido utilizado por sua mulher.
Em outro grampo, do dia 7 de fevereiro, a PF gravou uma conversa de Cachoeira com Lenine Araújo, um dos principais auxiliares do bicheiro. Eles conversaram sobre uma operação que seria deflagrada e o nome "Leão" é citado. "Ficou para semana que vem. Dia 14 o Leão assume a vara, e ela ficou de avisar se tiver prisão ou não", diz Cachoeira no registro.
Questionada se o juiz Leão Alves seria investigado pelo CNJ por supostamente ter repassado informações da Operação Monte Carlo, a ministra Eliana Calmon também minimizou. "Isso não tem nenhuma importância. Se vazou, não surtiu efeito. Para o CNJ, não tem importância, nossa preocupação é com a segurança dos magistrados", disse a corregedora nacional de Justiça.
No fim da noite de terça-feira, o TRF-1 designou um novo juiz para cuidar do caso, Alderico Rocha Santos, titular da 5ª Vara Federal Criminal de Goiás. Segundo Eliana Calmon, Alderico ainda não possui esquema de segurança por não ser considerado um alvo de risco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário