Mesmo após a destituição do ex-presidente paraguai Fernando Lugo, alguns dos ministros do governo anterior seguirão realizando reuniões do "conselho" para manter o trabalho que vinha sendo feito, confiantes de que Lugo volte ao poder. "(Essa reunião) serve para que possamos manter o trabalho, a vinculação dos ministros do gabinete com o presidente Lugo. Isso nós vamos manter porque estamos convencidos de que, daqui a pouco, deve se reestabelecer o poder democrático, e Lugo seguirá sendo o presidente", disse o senador Carlos Filizzola (Partido do País Solidário - PPS).
Filizzola foi tirado do Ministério do Interior pelo ex-presidente após os conflitos que deixaram mortos no nordeste do país, incidente que deu início ao processo que culminou com seu impeachment na semana passada. A reunião será realizada na sede do PPS na manhã de segunda-feira, e devem participar vários ministros que fizeram parte do governo do ex-presidente destituído.
Filizzola foi um dos três senadores que votaram a favor do ex-presidente no processo que o destituiu do poder na sexta-feira. Segundo o parlamentar, o presidente do Paraguai segue sendo Lugo. "Aqui só existe um presidente, que é o presidente Lugo. O presidente entre aspas, Franco, realizou uma ruptura democrática. Nós não aceitamos o que foi feito pelo Parlamento, existem erros de forma e de fundo. Não se respeitou sequer o devido processo. Estamos vivendo um 'honduraço', ao estilo paraguaio, digamos", disse ele, fazendo referência ao ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya, que sofreu um golpe de Estado em seu país.
Processo relâmpago destitui Lugo da presidência
No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Curaguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.
A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio - enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.
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