segunda-feira, 30 de julho de 2012

Argentina libera presos para atos a favor de Cristina Kirchner

O jornal argentino "Clarín" informou neste domingo que um grupo de presos saiu de cadeias da região de Buenos Aires para ir a atos de militância a favor da presidente Cristina Fernández de Kirchner sem autorização judicial. Dentre eles, está o baterista de uma banda de rock, condenado por matar a própria mulher em 2010.
Segundo a publicação, os reclusos são liberados pelos agentes penitenciários e vão sem custódia policial a supostos eventos culturais, organizados por um grupo chamado Vatayón (sic) Militante (Batalhão Militante, em espanhol), que é associado à agremiação La Cámpora, coordenada por Máximo Kirchner, filho de Cristina.
Um dos responsáveis pelo Vatayón Militante é o chefe do Serviço Penitenciário Federal argentino, Víctor Hortel, que assumiu o cargo em 2011 após ser indicado por um desembargador.
Em um dos eventos, em 24 de junho, cerca de cem presos foram a um ato no Museu Penitenciário de Buenos Aires, em San Telmo, vindos de três cadeias da região metropolitana, em que participaram 800 militantes. Um dos reclusos é o baterista da banda Callejeros, Eduardo Vásquez, que tocou no evento.
Vásquez foi condenado a 18 anos de prisão pela morte de sua mulher, Wanda Taddei, em decorrência de queimaduras em seu corpo e sinais de violência doméstica. Apesar do caráter do crime, ele foi liberado sem autorização judicial e seu advogado defensor, consultado pelo "Clarín", disse não saber sobre as saídas.
"Pelo que eu sei, ele faz shows em outras prisões, mas nunca soube que ele saiu do sistema penitenciário. Não fazia a mínima ideia e eu pessoalmente não fiz nenhum pedido", disse o advogado do baterista, Eduardo Guarna.
REGALIAS
Além das saídas não autorizadas, que acontecem inclusive à noite, o jornal informa que os presos militantes têm direito a uma série de regalias, como pedidos em lanchonetes e até o consumo de bebidas alcoólicas, que é proibido por lei para os reclusos.
Em novembro, o baterista do Callejeros foi a um evento na sede do Vatayón Militante, em que também tocou, de acordo com fontes do Serviço Penitenciário. Na retorno à penitenciária, Vásquez estava bêbado.
A oposição ao governo criticou duramente a medida. O deputado opositor Carlos Comi apresentará uma ação penal contra Víctor Hortel e pedirá a interpelação ao ministro da Justiça, Julio Alak.
"Uma coisa é uma política estratégica de reinserção na sociedade dos condenados e outra muito diferente é a arbitrariedade manifesta de usar um cargo público para transferir detentos com o único objetivo de animar atos políticos", disse Comi.
Em comunicado, um grupo de parlamentares informou que irá às prisões para verificar a situação dos presos e as autorizações às regalias aos detentos. Eles pretendem apresentar um informe à Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados.
Respondendo às acusações, o ministro Julio Alak afirmou que a liberação de presos sem autorização é um "disparate". "A presença a todas as atividades que participam os presos fora da cadeia são devidamente autorizadas pelo responsável jurídico correspondente", disse o funcionário à agência de notícias oficial Télam.

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