Ralph J. Hofmann
Peço desculpas aos leitores, porém ocorra às vezes de juntar informações de diferentes artigos, da massa de leituras que absorvo semanalmente e depois fica quase impossível caracterizar de onde os mesmos procedem. É o caso em material sobre a economia chinesa que me chamou a atenção recentemente.
A China tem altíssima formação de poupança. O motivo é simples. Não há fundos de pensão. Também não há contas poupança. Quem está na ativa precisa juntar o máximo de dinheiro possível para o dia em que não puder trabalhar.
Na maior parte das sociedades os netos cuidam dos avós quando estes estiverem idosos. Como a China adere à política de um filho só quatro avós dependeriam de um só neto. Difícil.
Mas não há opções de investimento. Há contas remuneradas em 1% ao ano nos bancos, há a compra de imóveis e há o investimento em empresas, sendo que a maior parte dessas é controlada de uma ou outra forma por autarquias. Não se preocupam muito com lucro. O juro não cobre, nem de longe a inflação.
O dinheiro depositado nos bancos, que rende 1% ao ano é tomado pelas empresas do governo e não raro aplicado pelos seus executivos em letras do tesouro de outros países, que mesmo sendo de juro baixo são atraentes para quem obtém o dinheiro a 1%.. A diferença é claro vai para o kleptocrata que administra este rio de dinheiro e se adona do memso. Muitos deles estão em condições de exportar o dinheiro para outros países onde o aplicam a juros condizentes. Este volume de dinheiro é enorme.
Por outro lado com o custo do dinheiro abaixo da inflação as estatais se expandem, mas só geram prejuízos, mascarados pelo aporte de dinheiro dos bancos. Conquanto os burocratas estejam vivendo vidas de bilionário, vide a quantidade dos carros mais avançados do mundo vendidos na China, o sistema produz cada vez mais sem gerar uma economia equilibrada .
A vulnerabilidade de um sistema como este já foi vivida por nós antes do plano implantado por FHC no governo Itamar. Não importa o que se fabrique e a que custo, o importante é que é possível fazer volumes de dinheiro fluir a um custo de dinheiro abaixo da inflação, e depois aplicado a valores acima do custo inflacionário.
O mundo inteiro está atrelado a esta ciranda chinesa. Esta depende de inflação interna na casa dos 7-8% . Se a inflação cair serão beneficiados os poupadores que dependem deste dinheiro na aposentadoria Contudo os altos funcionários das estatais não terão como continuar suas atividades kleptocráticas. E o ocidente não receberá o dinheiro barato chinês para continuar comprando produtos chineses. Não é a to que o fabricante chinês de automóveis quer desembarcar no Brasil não s;o com a fábrica de automóveis mas com a financeira para conceder crédito ao consumidor. .
Portanto a ciranda precisa seguir rodando, até que um dia os poupadores chineses descubram que não podem se alimentar com a renda de suas poupanças e que seus netos não têm como ajudar. Naquele momento talvez corra sangue nas ruas.
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