Ralph J. Hofmann
Durante dez anos minha mãe sofreu de uma doença progressiva, a miastenia grave. Por quase todo este tempo não havia no Brasil o remédio que ela precisava tomar para controlar a mesma. Tinha de ser comprado no exterior.
A cada poucos meses ela, minha irmã ou eu, íamos ao seu medico pegávamos uma receita. Depois íamos num médico conhecido da VARIG e este ratificava a receita. Depois nos dirigíamos à Varig, pagávamos em reais (apenas o custo do remédio) e a Varig levava a receita para o exterior, obtinha uma receita de médico local que arquivava as receitas brasileiras para se proteger. Com isto a Varig comprava os remédios e dentro de alguns dias recebíamos um aviso para buscarmos a encomenda.
Tudo isto com um sorriso das pessoas que nos atendiam. E não éramos só nós. Muitas pessoas podiam se valer disto. Bastava confirmarem a inexistência de similar no país.
A VARIG podia ter seus defeitos. Mas realmente estava muito à frente de seu tempo em termos de relações comunitárias. De alguma maneira sempre conseguiu cumprir aquilo que oferecia.
Por outro lado na faculdade fui colega de aula de alguns filhos de comandantes da empresa. Se for possível julgar os pais pelos filhos alguns podiam ser pitorescos em termos de atitudes, afinal éramos a geração do “flower power” da era de Aquarius, Hair os Beatles e outras inovações, mas quase todos eram muito inteligentes. Ou seja como o fruto não cai longe da árvore podemos presumir que os critérios de recrutamento e promoção da empresa eram muito eficazes. E isto numa época em que o processo de RH era bastante primário.
Não resta dúvida de que a Varig foi propositalmente eliminada, decapitada em função inicialmente de atitudes irreais do Plano Cruzado e depois de maquinações de amigos de José Dirceu e outros. Nem mesmo se permitiu que continuasse a existir como empresa reconhecível, com suas tradições sendo mantidas por uma nova administração corporativa. Um dos administradores que tentou recuperar a empresa sentiu-se repetidamente coibido mas acabou aproveitando a experiência para resgatar a TAP – AIR PORTUGAL.
Também não resta dúvida de que o governo é responsável pelo fato de ser dizimado o fundo de pensão dos funcionários da empresa. Fundos de pensão não existem num vácuo. São fiscalizados pelo poder público. Se um fundo desaparece completamente o poder público não cumpriu sua tarefa.
Enfim cabe comentar o fato de que muitos dos pilotos da Varig estando sem pensão mas ainda tendo o vigor voltaram a voar para empresas em todo o mundo e são considerados excelentes aquisições pelas empresas aéreas que os recrutaram.
São mais um recurso brasileiro malbaratado como tantos outros nesta década.
Veja o video sobre a luta dos pensionistas da Varig. Mas cuidem para não ranger os dentes demais.
Falar o que . E quem paga é quem trabalhou teve o desconto na folha e acabou lesado. Se o governo deve fiscalizar ELE deveria pagar porque não fez o que devia .Ele recebeu para isto .Quantos impostod pagos e a omição gerando fome.
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