domingo, 7 de agosto de 2011
Partidos estão burocráticos, com donos e sem nenhuma ideologia
Para os especialistas, o sistema partidário brasileiro como um todo tem incentivado mais o aparato burocrático do que a ideologia das legendas. Na opinião do cientista político Jaules Menezes, quando essa tendência predomina, há risco de esvaziar a democracia dentro da sigla, que termina funcionando dentro de uma relação de poder. O resultado, segundo ele, é a aglomeração de filiados sem semelhanças de pensamento. O cientista político Jaules Menezes ressaltou que há um debate político secular sobre a definição política de partido como aparato burocrático e como ideologia. Os aparatos são os postos de comando, a hierarquia. Por essa definição, todo partido tem dono. Se essa tendência predomina, a consequência é esvaziar a democracia dentro do partido, observou. Jaules chamou a atenção também para o fato de o aparato burocrático ter seus instrumentos de poder, a exemplo do acesso ao tempo de televisão e ao Fundo Partidário. São negócios, destacou o cientista. A ideologia passa a ser também um mero instrumento e discurso desse negócio, pois muitas vezes não é autêntica, acrescentou. No caso particular da Paraíba, Jaules Menezes ressalta algumas características políticas que terminam deixando explícito o aparato burocrático em detrimento da ideologia. Um desses pontos é o fato da polarização entre duas facções, lideradas cada uma por uma sigla. Você percebe um partido mais um agregado de legendas. Na Paraíba isso é mais acentuado. A disputa passa mais pelas lideranças do que pela legenda, afirmou. Outra observação feita por Jaules com relação às características políticas paraibana é a falta considerável e vínculo ideológico entre o diretório local das legendas e as executivas nacionais. O problema é que o sistema partidário brasileiro como um todo tem incentivado mais esse aparato burocrático do que a ideologia, destacou.
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