A diplomacia internacional intensificou nesta terça-feira seus contatos em todos os níveis para conseguir que palestinos e israelenses voltem o mais rápido possível à negociação direta e evitem uma nova crise pela decisão da Autoridade Nacional Palestina (ANP) de pedir seu ingresso na ONU.
"Há algo em que todos concordamos: voltar à mesa de negociações é um objetivo irrenunciável porque é a única maneira de garantir que qualquer decisão que seja tomada aqui tenha efeitos práticos e consequências para o povo palestino", afirmou nesta terça-feira em Nova York a ministra de Relações Exteriores da Espanha, Trinidad Jiménez.
De maneira similar se pronunciou o ministro de Relações Exteriores francês, Alain Juppé, que em declarações a uma rádio de seu país considerou que "a única maneira de resolver o problema palestino-israelense é mediante negociações diretas".
As gestões do Quarteto para a Paz no Oriente Médio - Estados Unidos, União Europeia (UE), ONU e Rússia - com os líderes palestinos e israelenses são contínuas na véspera do início dos debates públicos do 66º período de sessões da Assembleia Geral da ONU, que terminam no dia 27 de setembro.
No entanto, as reuniões do Quarteto não estão dando resultados por enquanto, segundo confirmou o ministro de Exteriores britânico, William Hague, e seus integrantes ainda não conseguiram pactuar uma declaração para relançar o processo de paz no Oriente Médio.
O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, que na próxima sexta-feira pedirá a incorporação da Palestina como Estado-Membro da ONU, e outros integrantes de sua delegação também multiplicam seus contatos diplomáticos para externar sua posição.
O Governo americano já anunciou seu veto a esse pedido, que para ser aprovado no Conselho de Segurança precisa de uma maioria de nove membros e nenhum voto contra dos cinco permanentes.
Assim, enquanto Abbas se reunia em Nova York com os presidentes da França, Nicolas Sarkozy, e do Líbano, Michel Suleiman, seu ministro de Exteriores, Riyad al-Maliki, se encontrava com o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.
Maliki, que rejeitou que a reivindicação palestina possa ser qualificada de atuação "unilateral" e apontou que isso é "uma absurda interpretação de um ato multilateral", declarou à Agência Efe que nada os impedirá de apresentar na sexta-feira a solicitação de adesão à ONU.
"Estamos tão certos que apresentaremos o pedido na sexta-feira quanto eu estou certo de estar olhando pra você agora", disse à Efe o ministro de Exteriores palestino, acrescentando que sua delegação não aceitará "nenhuma condição imposta", em referência a possíveis pressões por parte do Quarteto para que abandonem a iniciativa.
Os palestinos, além disso, descartaram por enquanto a possibilidade de uma reunião em Nova York com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tal como este tinha proposto em Jerusalém.
Maliki, durante a entrevista à Efe, destacou que sua delegação não recebeu ainda nenhum pedido formal por parte de Israel e considerou que esse encontro "agora não resultaria em nada".
Abbas "não está disposto a se reunir só pelo fato de se reunir, para que Netanyahu mostre que as coisas estão bem, que não há nenhum conflito. Não vamos permitir isso", ressaltou.
Netanyahu, por sua parte, afirmou que seu Governo deseja selar a paz com os palestinos, mas considerou que deverá ser "um acordo com mecanismos que garantam a segurança" de seu país, e que não seja "apressado".
Também pediu que Abbas "inicie negociações diretas em Nova York que continuem em Jerusalém ou em Ramala (...) em vez de perder o tempo com ações unilaterais carentes de expectativas".
Por sua parte, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que nesta terça-feira se reuniu com Abbas e amanhã encontrará Netanyahu, alertou que o longo conflito entre israelenses e palestinos pode "envenenar a construção da democracia nos países muçulmanos".
Em relação aos EUA, o conselheiro adjunto de Segurança Nacional, Ben Rhodes, reiterou a posição do veto de Washington ao pedido palestino.
Rhodes garantiu que a Casa Branca "apoiará qualquer coisa que facilite o retorno às negociações diretas" e "se oporá a qualquer coisa que faça mais improvável que (esse reatamento de conversas) tenha sucesso".
O presidente dos EUA, Barack Obama, abordará novamente a questão palestina durante seu discurso de quarta-feira perante o plenário da Assembleia Geral, para ressaltar que "o modo como o conflito israelense-palestino deve ser abordado é mediante negociações diretas", finalizou Rhodes.
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