domingo, 30 de outubro de 2011

HALLOWEEN II

Ralph J. Hofmann

Meu colega Giulio Sanmartini me chamou a atenção para o artigo de Maria Helena Rubinato Rodrigues de Souza que comenta a tentativa do, hoje ministro, Aldo Rebelo de substituir o Halloween pelo “Dia do Saci”.
Concordo com ela que era uma tolice. O Halloween é uma tradição importada que pegou. Dá prazer a quem o cultua e “o que é de gosto regala a vida”. Funciona sem uma chancela de governo.
Por outro lado por que só o Saci. Os livros de Monteiro Lobato e também a série Taquara-Poca de Francisco Marins abordam outras figuras folclóricas. A Cuca, o Curupira.
A verdade é que as bruxas e feiticeiros do Halloween não são essenciais à festa. As pessoas usam outras fantasias também. Apenas parece haver uma preferência pelos disfarces de bruxas e monstros.
Então por que não encorajar crianças brasileiras a simplesmente adicionar as fantasias de Saci, Curupira, Cuca e talvez a Moura Torta?
Obviamente em parte porque a não ser pela complicada série do “Sítio do Pica Pau Amarelo” na TV as crianças não conhecem estas figuras. Poucos lêem alguma coisa e Monteiro Lobato está quase num “Index” de escritores que estão proscritos pelo atual regime. Nem sei se Francisco Marins (que segue vivo com 88 ou 89 anos) ainda é editado.
No tempo que todas as crianças haviam lido Monteiro Lobato e muitas haviam lido Marins se o Halloween fosse aqui festejado talvez alguém tivesse pensado em criar fantasias fáceis para essas personagens.
Ocorre-me que se eu sugerisse trazer as festividades do Dia de Los Muertos mexicano, dias 1 e 2 de novembro, com suas festas, fogos de artifício, bancas de comida nas ruas, esqueletos de plástico e música e quando as pessoas preparam as comidas favoritas dos entes queridos que já partiram o Aldo Rebelo não se oporia. Afinal os Mexicanos não são americanos, ingleses ou escandinavos. Ou seja, a xenofobia a respeito de Halloween tem endereço certo.
Só que no Brasil finados é uma data solene. Os mortos não são celebrados como se ainda estivessem entre nós. Isto é um sincretismo dos descendentes dos astecas que misturam o louvor à deusa Mictecacihuatl. Com rituais trazidos da Espanha.
Bem, a quem me lê sugiro seguir se divertindo, e se puderem introduzir o nosso sincretismo com a Cuca e seus pares têm os meus parabéns. Adaptar, não repudiar. .


(*) Nome que sempre esqueço de citar como grande escritor infanto-juvenil junto com Monteiro Lobato.


O dia do Saci, foi inventado pelo atual ministro do Esporte Aldo Rebelo.
Segue o artigo:
O Dia do Saci, por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Souza, que vem a ser a filha de Adoniran Barbosa (João Rubinato)

Há tempos Aldo Rebelo sugeriu a troca do Halloween, o célebre Dia das Bruxas, por um Dia do Saci. Ele era contra uma festa tão americanizada em nossas terras.
Na ocasião, achei isso uma tolice sem fim: era trocar uma bobagem pela outra e o Estado se meter onde não é chamado. Que o povo escolhesse quem quer festejar e pronto. Foi o que pensei.
Hoje, dia seguinte da nomeação do admirador do Saci para o cargo de Ministro do Esporte, com a posse marcada para o Dia das Bruxas que poderia ter sido Dia do Saci se a idéia do ministro tivesse vingado, vejo que essa troca tem que ser feita e com urgência!
Chega de bruxarias em Brasília. O caldeirão das bruxas transbordou e o estrago já está de bom tamanho.
Mas o ministro teria que ter uma conversa séria com o Saci. Descrito como arteiro e brincalhão, um danadinho que adora pregar peças nas pessoas, tipo sumir com os óculos da gente, distrair os cozinheiros para que a comida queime, emaranhar os novelos, ele também é conhecido por fazer os viajantes se perderem na estrada.
Quer dizer, o Saci é antes de tudo um chato. Mas ao menos ele mostrou que cultiva a gratidão, uma das mais belas qualidades do homem. E chatice não é crime...
E qual a importância desse papo? Explico. Ser traquinas é um aspecto da personalidade do Saci. Mas não é sua função precípua. Essa é o domínio das matas onde ele guarda as ervas sagradas; ele perturba as pessoas que não lhe pedem autorização para colher as plantas.
O Saci controla, reconhece e sabe manusear todas as ervas. É o guardião do preparo do chá. E como todos sabemos, tomar chá em criança é fundamental para o adulto crescer educado.
O ministro tem que convocar o Saci...
Levar a sério os ditos populares não é, como querem crer os intelectuais de esquerda, burrice. Não foram criados do nada. Tomar chá em criança ou é de pequeno que se torce o pepino, são muito bons conselhos. Lembrar sempre que tanto morre o papa como quem não tem capa e, no intervalo, isto é, durante a vida, ter sempre em mente que mais vale saber que haver.
O saber fruto da educação que, é importante frisar, deve ser levada a sério nos dois sentidos: instrução e boas maneiras, bons hábitos. Ser educado não é só dar bom dia, boa noite, dizer obrigado e saber se portar à mesa. Também, e principalmente, é saber respeitar o que é do outro. Honrar o que é de todos. Não dar nem receber propina. Estabelecer limites para você e não confraternizar com quem rompe os princípios da correção e da honestidade.
Ah!, mas não somos a palmatória do mundo!, dirão alguns. É verdade. Mas precisamos ser a bagaceira?

Um comentário:

  1. O povo gosta e vai continuar comemorando o dia das bruxas e o saci que me desculpe esta sem lembranças e só vai sobreviver se o governo deixar os livros de Monteiro Lobato em paz e parte do curriculo das escolas .Estamos em tempos de Lobo mau ecologicamente incorreto etc etc . òtimo levantar esta polemica porque breve não podera se falar de Boto porque ele é um aproveitador de inocentes virgens e quase todas as historias da carochinha. Deviam preocupar mais com a situação do povo e menos polemica. A começar de politicos terem que ter no minimo faculdade de administração . Se no no passado tivemos grandes homens no poder sem estudo foi em época muito diferente e que a honra era aplicada o direito natural imperava . Mas quem sou eu para dar conselhos a tão eruditos e capazes politicos..............
    Anta

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