quarta-feira, 23 de novembro de 2011

América Latina um campo de batalha

O tráfico ilegal de armas vem transformando a América Latina em campo de batalha, onde ocorrem quatro em cada dez assassinatos no mundo, advertiram especialistas nesta quarta-feira, durante uma reunião regional sobre as formas de controlar o contrabando.
"No total, 42% dos homicídios com arma de fogo que acontecem mundialmente, a cada ano, têm lugar na América Latina, onde vivem menos de 10% da população" do planeta, denunciou o Nobel da Paz e ex-presidente da Costa Rica Oscar Arias, citando estatísticas da secretaria de direitos humanos da ONU.
Revólveres, pistolas e rifles são, em maioria, produzidos e vendidos legalmente, mas costumam terminar nas mãos do crime organizado, de grupos terroristas, de bandos de marginais ou, simplesmente, de pessoas inexperientes.
"A imensa maioria do armamento começa como lícito, fabricado por uma indústria legalmente inscrita, que paga impostos e, muitas vezes, financia campanhas políticas", disse o chanceler da Costa Rica, Enrique Castillo.
Há alguns meses, o presidente mexicano, Felipe Calderón, havia informado que mais de 100.000 armas apreendidas com o crime organizado em seu país provinham da indústria legal de armamentos dos Estados Unidos.
"É a inexistência ou a insuficiência dos controles que permite sua passagem aos cartéis do crime, aos mercenários ou aos que sustentam as ditaduras", comentou Castillo.
Arias, junto com outros Prêmios Nobel e apoiado por especialistas de Cambridge, elaboraram nos anos 90 um rascunho de Tratado sobre o Comércio de Armas (TCA), que continua guardado nas Nações Unidas.
Nesses últimos anos, foram aprovadas "importantes iniciativas internacionais sobre o narcotráfico, o tráfico de pessoas, a escravidão; mas nenhuma decisão foi tomada sobre o tráfico de armas (...) e estamos pagando com vidas por essa falta de ação", disse Arias nesta quarta-feira.
"A proliferação das armas mesmo as convencionais, sobretudo as pequenas e leves, exerce impactos devastadores particularmente nos países em desenvolvimento, diz um documento que serviu de base à reunião.
A América Central é uma das regiões mais golpeadas do mundo pela violência; em Honduras, a taxa de homicídios anuais para cada 100.000 habitantes é oito vezes a média mundial e, na Guatemala, seis vezes maior.
"A América Latina deve fazer sua a causa do desarmamento (...)" acrescentou Arias.
Durante o encontro, que será concluído nesta sexta-feira, os participantes vão debater, ainda, o papel das Ongs para prevenir a violência, bem como um processo internacional para o controle do tráfico de armas e medidas para combatê-lo.
Delegados de Argentina, Brasil, Chile e México também vão apresentar um painel sobre o comércio de armas na região latino-americana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário