Nascido em Santiago de Compostela, Mariano Rajoy cresceu fora da Galícia, no município de Leão, e retornou a sua comunidade apenas depois de terminar o colégio para cursar a faculdade de Direito. Aos 23 anos, começou a trabalhar com o registro de imóveis.
Foi membro do parlamento autônomo da Galícia, e vice-presidente da Junta Regional antes de entrar para a cena política nacional. Ao longo de seus 30 anos de carreira, foi nomeado Ministro da Administração Pública, Ministro da Educação e Cultura, Ministro de Interior, e vice-presidente de governo, este último cargo desempenhado de 2000 a 2003.
Rajoy concorreu à presidência da Espanha pela primeira vez em 2004. Era, como este ano, o favorito durante as campanhas e tinha tanta confiança em sua vitória que negou convites a debates, recusou os conselhos de seus assessores e, como resultado, perdeu. José Luis Rodríguez Zapatero, conhecido como ZP, foi eleito presidente da Espanha. De favorito, Rajoy se transformou em líder da oposição, papel que ocuparia pelos próximos sete anos, tendo perdido as eleições para Zapatero novamente em 2008.
Nos últimos anos, a trajetória de Rajoy contou com circunstâncias improváveis: contra ele estavam diversos dirigentes de seu próprio partido, desgostosos com duas derrotas. A seu favor, a pior crise econômica que a Espanha já enfrentou e nutriu os eleitores com um fervoroso desejo de "mudança".
Com mais cautela que nas tentativas anteriores, Rajoy abraçou o favoritismo de 2011 seguindo as instruções de seus conselheiros. Abandou ternos antiquados, vestiu calças jeans, renunciou a gravatas, compareceu a debates. Acima de tudo, assumiu um discurso calculado, no qual prometeu novos rumos ao país que acumula 5 milhões de desempregados.
Analistas políticos espanhóis veem ambiguidade no programa de governo de Rajoy. Se promete austeridade, sem especificar onde serão feitos os cortes de orçamento. Se fala em redução de empregos públicos, mas não de quais empresas. Se garante reduzir impostos, mas não se explica como. Rajoy também evita detalhar assuntos polêmicos. Apesar de estar há mais de três décadas em cargos públicos, ele nunca se pronunciou sobre temas como aborto e drogas.
O político ficou tão conhecido por suas declarações vagas, que o jornal El País organizou uma coletânea de frases usadas em seus discursos durante a campanha. Afirmações como "a mudança quer dizer que é preciso mudar", "a Espanha tem espanhóis", ou ainda "vou começar dizendo umas coisas e depois direi outras" compõem um arquivo de declarações que têm como seu maior defeito e maior trunfo não dizer nada. Por dizer pouco, Rajoy conseguiu não assustar os eleitores com os problemas da crise e se fez em 2011, na terceira tentativa, presidente da Espanha.
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