CAIRO, 20 Nov 2011 (AFP) -Pelo menos onze pessoas morreram neste domingo na Praça Tahrir, anunciaram à AFP médicos de hospitais de campanha nesta praça do centro da capital egípcia, o que elevou para 13 o número de mortos, segundo fontes médicas, após dois dias de confrontos no Egito.
Estes choques são registrados a apenas oito dias das primeiras eleições legislativas desde a renúncia do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro.
À noite, confrontos violentos ocorreram nas ruas próximas ao Ministério do Interior, situado nas imediações da Tahrir, constatou um jornalista da AFP.
Manifestantes jogavam pedras e coquetéis molotov em direção aos policiais, que revidavam com tiros de fuzil e de balas de borracha, indicou o jornalista.
Cerca de 55 pessoas foram detidas neste domingo, segundo fontes de segurança. Outras manifestações semelhantes foram realizadas em várias localidades do Egito, como Suez, Qena e Asiut, no centro do país.
"Não sairemos" e "o povo quer a queda do marechal" Hussein Tantaui, governante de fato do Egito, gritavam os manifestantes, enquanto diversas pessoas eram retiradas do local feridas para receber atendimento médico.
Os manifestantes gritavam palavras de ordem hostis ao poder militar, exigindo a saída de Tantaui, que lidera o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), no comando do país desde que Mubarak foi expulso do poder.
Tantaui, um militar septuagenário, foi ministro da Defesa de Mubarak durante vinte anos.
"O Conselho das Forças Armadas mantém a política de Mubarak, nada mudou depois da revolução", declarou à AFP Khaled, de 29 anos, enquanto instalava uma tenda no centro da Praça Tahrir.
Várias pessoas recolhiam bombas de gás lacrimogêneo e cápsulas, enquanto outras varriam a praça repleta de restos incendiados.
Neste contexto, a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, pediu neste domingo à noite às autoridades egípcias que respeitem os direitos humanos e ouçam as aspirações democráticas dos cidadãos, e condenou o recurso à violência.
"A lei e a ordem devem ser defendidas de forma respeitosa com os direitos humanos", assegurou Ashton.
Na noite de sábado para domingo, os enfrentamentos tinham deixado dois mortos, um no Cairo e outro em Alexandria. Cerca de 750 pessoas ficaram feridas na capital, de acordo com o Ministério da Saúde. Os enfrentamentos começaram no sábado de manhã e se estenderam também para Asuan (sul) e Suez, às margens do Mar Vermelho.
Esses incidentes reavivaram os temores de que as eleições legislativas, que devem ser realizadas no dia 28 de novembro, sejam adiadas por vários meses.
Um dos membros do CSFA, o general Mohsen al-Fangari, assegurou que haverá eleições como previsto e que as autoridades estão em condições de garantir a segurança.
"Não vamos ceder aos pedidos para adiar as eleições. As Forças Armadas e o Ministério do Interior são capazes de manter a segurança dos centros eleitorais", declarou.
Várias personalidades políticas e intelectuais, entre elas o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) Mohamed ElBaradei, divulgaram um documento pedindo um prazo suplementar para essas eleições, como parte da revisão do calendário político do país.
As pessoas que assinaram o documento propõem que haja primeiro uma Assembleia Constituinte, depois eleições presidenciais e, por fim, legislativas.
Os militares decidiram que a eleição presidencial será realizada em uma data não determinada, ao término deste processo político, e que apenas passarão o poder aos civis depois que um novo chefe de Estado estiver eleito.
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