Ralph J. Hofmann
Nas minhas pesquisas sobre o período da Proclamação da República tive oportunidade de examinar perfis biográficos de várias figuras que controlaram o Brasil no fim do século XIX e no começo do século XX.
Há uma constatação imediata. Os mais destacados políticos tinham muitas vezes objetivos pessoais ao se lançarem às disputas. Não raro fica claro que para obter o poder, se achassem ser possível obter o poder pela chicana ou por conseguirem alinhar mais forças ao seu lado (por força me refiro a tropas, navios e artilharia), lançariam mão destes expedientes. Basta ver o que Floriano Peixoto foi capaz de fazer com seus inimigos na Ilha do Desterro (Florianópolis) (*) para sentir isto.
Contudo raramente se tem a sensação que o fariam para obter uma fortuna desmesurada ou vantagens pessoais desproporcionais. Se o fizessem seriam vulneráveis ante seus colegas. Perpassa um ambiente, até certo ponto, ético vinculado à forma que desejavam ver o país se desenvolver.
Contudo nos anos de república e até nos anos de império fica claro que os políticos normalmente mentiam ou distorciam a realidade sempre que fosse conveniente. Incluo aí o próprio Ruy Barbosa um dos melhores homens públicos que o país já conheceu, sendo que, não raro, seus discursos, se lidos hoje parecem abordar as questões mais candentes de nossos dias, aproximadamente um século depois.
Lembro-me de ouvir uma gravação de discurso lido por Carlos Lacerda em um disco LP, lá por 1963. Abordava a amoralidade dos políticos. Examinando-se a capa do disco contatava-se que era um discurso proferido por Ruy Barbosa. Porém sabemos que Ruy Barbosa distorcia a realidade quando necessário.
Então como podemos ter certeza de que um político não está mentindo? Agnello Queiroz, Lupi, Dilma Roussef, Lula. Como saber.
Após muito pesquisar cheguei a uma conclusão. Normalmente, com toda a certeza, quando não estão mentindo seus lábios não estão se movendo.
Isto não é válido para políticos que sejam ventríloquos.
(*) O autor desta crônica não pode deixar passar a oportunidade de defender a volta ao nome Desterro, pois é extremamente inadequado que a linda capital cercada pelo mar ostente o nome de Floriano, que mandou fuzilar sem dó nem piedade e em muitos casos com requintes de crueldade seus inimigos na ilha após sua rendição, num caso quase único na história dos levantes brasileiros quando normalmente os desafetos eram condenados ao exílio e dentro de algum tempo se buscava trazê-los de volta ao convívio no Brasil.
Olá,
ResponderExcluirPassei para desejar uma semana bem iluminada a voce e seus familiares.