Ralph J. Hofmann
Não se enganem os leitores com juras de amor e fraternidade da Argentina. Seja antes de Perón com Evita, depois de Perón, seja com a volta de Perón, sob generais, sob Menem, escolham a época que quiserem, a Argentina sempre foi expansionista, sempre se julgou com o rei na barriga.
Já disse que um argentino pode ser um bom amigo, que um argentino individualizado serve para fazer churrasco, serenata e até para cunhado.
Mas coletivamente são berlinenses. Explico em que sentido. Os alemães dizem que Berlim é o melhor lugar do mundo. Em Berlim até os morros são vales.
Coletivamente são como as duas piadas clássicas. O melhor negócio do mundo é comprar um argentino pelo preço que ele vale e vendê-lo pelo preço que ele pensa que vale.
A outra piada é a do menino que queria ser igual ao seu pai. Perguntado por que, responde: “Para que eu possa ter um filho tão maravilhoso quanto eu.”
Mas a realidade é mais triste ainda. A Argentina, durante boa parte dos últimos 200 anos foi um dos lugares mais prósperos da Terra. Atingiu cultura e educação prodigiosa concentrada em Buenos Aires, onde estão uns 85% da sua população.
Também conseguiu ser um dos maiores campeões em golpes de estado e revoluções. Da última vez que olhei estavam empatados a Argentina e a Bolívia.
Pior. Lá corre sangue mesmo. Nunca se exilavam os dissidentes. As mágoas não morriam. Se aprofundavam.
Outrossim a Argentina sempre teve o hábito de se meter na terra dos outros. Há uma frase famosa de Bento Gonçalves, líder da Revolução Farroupilha, que entendia muito bem a ambição argentina pois se envolvera nos movimentos do Uruguai antes de desencadear a secessão gaúcha em 1835, particularmente porque na época 75% da população do Uruguai era de ascendência portuguesa. Quando Juan Manuel Rosas ofereceu tropas para derrotar o Império Bento teria dito: “O sangue do primeiro soldado argentino a pisar aqui fornecera a tinta com que assinaremos a paz com o Império”.
Parece passar despercebido, mas a Argentina historicamente sempre se volta contra o Brasil. Em 1978 a Argentina comprava têxteis, e quinquilharias do mundo inteiro. Sua moeda estava supervalorizada a um por um com o dólar.
De repente decidem colocar tarifas compensatórias. Não contra os seus maiores fornecedores, Taiwan, Hong Kong, Paquistão, etc. Contra o Brasil. O Brasil não estava nem entre os 10 maiores fornecedores da Argentina.
O Brasil comprava trigo e certas frutas da Argentina. O Brasil poderia comprar mais barato e de melhor qualidade do Canadá e dos Estados Unidos. Mas seguiu comprando da Argentina. Mas foi o país que a Argentina agrediu comercialmente, como voltou a fazer inúmeras vezes nestes últimos 9 anos.
Então parafraseando Andrew Lloyd Weber e Tim Rice (Evita): “ Não chorem pela Argentina.”
Finalmente uma rápida história do General Leopoldo Galtieri. Me foi contada hoje por alguém que leu minha réplica a Luiz Fernando Veríssimo no Blog de ontem.
Quando Galtieri era Coronel freqüentou um curso de Estado Maior em outro país. Lá sua monografia de fim de curso foi uma discussão do direito da Argentina ao território do Rio Grande do Sul, uma defesa de que mesmo no século XX com uma população local que se sentia ou brasileira ou gaúcha, nunca argentina o estado devia passar a ser território argentino e uma exposição do número e disposição das tropas necessárias para conquistar o Rio Grande do Sul.
Suponho que o próximo passo seria o Oeste de Santa Catarina e do Paraná.
Você queria ser argentino? Ainda mais que sendo militares argentinos, sendo peronistas todos têm essa noção de grandeza predestinada e superioridade.
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