Ralph J. Hofmann
É sobejamente conhecido o fato de que em alguns lugares no mundo os países colonizadores em algum momento enviaram mulheres para que se casassem com os pioneiros que haviam deixado a pátria para abrir clareiras na floresta virgem.
Há o caso das francesas enviadas para as colônias na Luisiana por Luiz XIV. Algumas delas eram mulheres das ruas que eram colhidas por arrastões da polícia a que se juntavam outras encarceradas por crimes. Eram colocadas a bordo de navios e despachadas como se fossem mercadorias.
Por outro lado havia as “Filles du Roi” (Jovens do Rei) ou as “Filles à la Cassette” (Favor não maliciarem. Cassette significa um pequeno baú). Eram as moças criadas em orfanatos ou conventos. Virgens com garantia do rei. Recebiam um baú com um enxoval e partiam para o novo mundo para casarem. Até hoje, em Nova Orleans é um sinal de prestígio ser descendente destas senhoras.
Um outro exemplo de que lembro é o das moças que foram recrutadas por Asa Mercer para dirigirem-se ao Noroeste dos Estados Unidos, à nascente comunidade de Seattle no que hoje é o estado de Washington. Com alguma dificuldade Mercer recrutou 100 ou 150 mulheres que viajaram através do istmo do panamá em 1964-5 e casaram com os pioneiros da região. Creio que o cantor Bing Crosby, de tradicional família de Seattle, era descendente de uma destas migrantes. Também em Seattle é sinal de prestígio ser descendente de uma dessas moças.
Modernamente há muitos americanos que encontram mulheres ou através de agências ou da Internet. Há um grande número de casais em que a esposa veio da Rússia ou algum outro país do leste europeu, e há muitos anos veteranos de guerras no sudoeste asiático optam por encomendar esposas das Filipinas.
Agora surgiu uma novidade. Há um mês jovens senhores africanos tem se deslocado a Kano, no Norte da Nigéria, vestindo elegantes ternos e portando documentos com seus exames de saúde e, se for o caso, seus comprovantes de divórcio ou viuvez.
O objetivo é casar com alguma das 1.000 mulheres cadastradas pelo estado de Kano, que está rapidamente se tornando um ponto de referência para casamentos arranjados.
Até o presente momento 2.000 homens de idades que vão dos 20 aos 85 anos se qualificaram. O estado promoverá um casamento em massa.
Kano tem um dos mais altos índices de divórcio da Nigéria. Na região os homens tendem a não casar com divorciadas, o que cria um problema social, com as mulheres ficando sem arrimo qualquer.
Por outro lado, entrevistadores de jornais da África constatam que não é apenas o arrimo material que interessa a maioria dessas mulheres. Há o fato de serem esposas de alguém que lhes restitui uma auto-valorização.
Em outro caso um homem de 85 anos declarou que não é apenas a procura de uma mulher que o preocupa. Tendo enviuvado procura uma companheira já que seus filhos e netos apesar de cuidarem dele não se comunicam muito com ele.
Desejo sinceramente boa sorte ao governo de Kano. Se vai dar certo ou não é impossível prever, mas é uma notícia simpática.
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