terça-feira, 22 de maio de 2012

No capitulo da novela: Cachoeira não irá ao Conselho de Ética falar de Demóstenes

O contraventor Carlinhos Cachoeira não vai prestar depoimento no Conselho de Ética do Senado na tarde de quarta-feira como testemunha de defesa do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), de quem seria sócio. O Terraapurou que os advogados de Demóstenes, Antonio Carlos Castro, o Kakay, e de Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, se reuniram na segunda-feira para definir as estratégias de defesa e optaram pelo não comparecimento. Cachoeira não era obrigado a ir à sessão.

O Conselho de Ética agendou para a próxima terça-feira, dia 29, a reunião para ouvir o senador. Kakay garantiu que seu cliente comparecerá e afirmou que a orientação jurídica é de que ele não negue explicações a seus pares no Conselho de Ética para perguntas relacionadas ao mérito da investigação, ou seja, que tratem do julgamento político. Porém, para questionamentos acerca dos demais assuntos envolvendo Cachoeira, a ordem é ficar calado. "Minha orientação é que, na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito mista do Cachoeira), em caso de convocação, ele vá, mas use o direito de ficar em silêncio", adiantou.

No encontro de hoje, o colegiado não pode ouvir o advogado Rui Cruvinel, testemunha de defesa de Demóstenes, que alegou "motivos pessoais" para faltar à audiência. O advogado do senador considerou que a ausência da testemunha de defesa prejudica Demóstenes. "Eu queria ouvi-lo, para desconstruir absurdos que viraram verdades, e não são", disse.

Está marcado para a tarde de hoje o depoimento de Cachoeira à CPI que investiga suas relações com agentes públicos e privados. Na segunda-feira, a defesa do contraventor teve negado pedido para adiar mais uma vez a ida de seu cliente à comissão. Cachoeira deve ficar em silêncio na audiência, informaram seus advogados.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

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