domingo, 13 de maio de 2012

VOADORS HÍBRIDOS.‏

VOADORES HÍBRIDOS


Ralph J. Hofmann

Em início dos anos oitenta eu estava encarregado desenvolver fornecedores de móveis para um projeto de exportação de uma “trading company”.

Isto me colocou em contato diuturno com o consultor técnico do principal fornecedor em perspectiva, um engenheiro automotivo americano que viera para o Brasil originalmente recrutado pela Chrysler quando esta adquiriu a SIMCA do Brasil. Este engenheiro fora professor na escola de engenharia de GM em Detroit e ocasionalmente alguns ex-alunos e ex-colegas faziam contato.

Numa certa etapa do processo estávamos indo uma vez por semana fazer testes de destruição de embalagensem São Paulono laboratório de um fabricante de caixas. Embalávamos móveis, simulávamos um desastre qualquer, geralmente uma queda com uma quina recebendo o impacto, procurando a forma mais segura e economicamente viável de embarcar produtos.

À noite aumentávamos nossa cultura gastronômica sobre São Paulo explorando restaurantes.

Uma noite dessas, no saguão do hotel meu colega foi efusivamente cumprimentado por uma dupla, um engenheiro americano e um brasileiro. Ambos eram ex-alunos dele. Saímos todos juntos. Os dois estavam vivendo no interior de São Paulo e prestavam serviços de consultoria sobre ar condicionado e circulação de ar para o projeto que veio a ser o Brasília da EMBRAER.

Nas viagens passamos a nos encontrar ocasionalmente com a dupla e na época uma das coisas que fazíamos era cogitar sobre coisas que poderiam ter sido inventadas. Nosso projeto favorito era um avião de transporte de carga ou de cruzeiro para turistas, de velocidade relativamente baixa, a tecnologia concentrando-se na capacidade de carga ou na comodidade dos passageiros e na segurança de vôo, o peso da aeronave e da carga sendo neutralizado por células do gás Hélio na fuselagem do avião. Com isto a potência de motor na decolagem de um avião de 30 toneladas poderia ser pouco maior do que um motor de Volkswagen e a decolagem/pouso poderia ser quase vertical, mesmo para o equivalente do maior avião da época.

Na época ficamos sabendo que algo assim estava sendo estudado pelos laboratórios de aviação em vários países. Inclusive soubemos que o próprio conceito da pouca necessidade de velocidade para certos tipos de aviação comercial estava sob consideração.

Os anos passam e os materiais ficaram mais sofisticados. Agora constato que a idéia nunca foi deixada completamente de lado. Esta semana o Giulio Sanmartini me passou um link sobre o HAV – Hybrid Air Vehícle (Veículo Aéreo Híbrido). Um protótipo já está voando na Inglaterra. Combina materiais leves, células de Hélio e motores de pouca potência e consumo. (Hybrid Air Vehicles Ltd)

Fico imaginando que dentro de alguns anos poderemos viajar de Porto Alegre para a Europa com o conforto e dignidade de uma viagem de navio do início do século XX, com restaurantes luxuosos, saunas e academia numa viagem que levará três dias, em camarotes luxuosos e com outras amenidades. (Inside the Hindenburg. Zeppelin-Museum).

Teremos readquirido a arte de viajar com o luxo e sofisticação de que gozavam os passageiros do Titanic, 100 anos atrás em 15 de abril de 1912, antes do encontro com o iceberg.

E isto ao custo atual de um fim de semana em Cancun em pacote promocional.

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