quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ex-tesoureiro de Perillo pede novamente para não ir à CPI

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira iniciou a reunião desta manhã de quarta-feira com a intenção interrogar mais três pessoas ligadas ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB-GO), suspeito de ser um dos políticos que mantinham ligações com o grupo criminoso comandando por Carlinhos Cachoeira. A expectativa é de que apenas o convocado Luiz Carlos Bordoni responda a perguntas da CPI. Outros dois depoentes, Eliane Gonçalves Pinheiro e Jayme Eduardo Rincón, não devem colaborar hoje. Eliane deverá usar o direito de permanecer calada e Rincón já encaminhou um atestado médico à CPI para justificar ausência.
No pedido, assinado pelos advogados Romero Ferrari Filho e Pedro Paulo Guerra de Medeiros, o ex-tesoureiro da campanha do governador alega motivos de saúde para não comparecer à comissão. De acordo com o documento, o ex-tesoureiro passará por pré-operatórios e cirurgia nas próximas semanas, por causa de três aneurismas.
Rincón já havia apresentado atestado médico pedindo adiamento de seu depoimento, no último dia 29 de maio. A deputada Iris Araújo (PMDB-GO) criticou a resistência do ex-tesoureiro e afirmou que ele teria condições de comparecer à reunião. "Gostaria de dizer que ele está trabalhando normalmente lá no estado de Goiás", protestou.
O ex-tesoureiro é suspeito de ter recebido R$ 600 mil do grupo de Cachoeira. Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete de Perillo, é acusada de repassar informações sobre operações policiais aos investigados pelas operações Monte Carlo e Vegas. Ela foi flagrada em conversas interceptadas pela Polícia Federal e seria uma das integrantes do grupo que recebeu de Cachoeira telefones celulares por meio de rádio habilitados em Miami (EUA). Na primeira vez em que foi convocada, Eliane não compareceu alegando problemas de saúde.
"Bode expiatório"
O radialista Luiz Carlos Bornodi chegou ao Senado afirmando que não vai aceitar seu usado de "bode expiatório" para o ex-amigo, o governador Marconi Perillo, e aliados justificarem envolvimento com o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Ele afirmou, em entrevista, que recebeu dinheiro da empresa Alberto & Pantoja Construções, pertencente ao grupo do bicheiro, como pagamento de serviços prestados durante a campanha de Perillo ao governo de Goiás em 2010. Porém, o governador goiano negou o fato e Bordoni foi chamado "mentiroso".
Acompanhando por advogado de defesa, o radialista garantiu possuir documentos que comprovem sua versão e prometeu explicar e provar hoje o que chamou de "verdade dos fatos". "Eles têm que encontrar um bode expiatório para essa coisa, mas eu não vou ser bode de ninguém não. Eles que expliquem o porquê a Pontoja depositou do dinheiro", disse.
Perguntado se teria ligações com Cachoeira, o radialista negou e afirmou que está há 50 anos no jornalismo e não há fato que macule sua profissão ou dignidade. "Não tenho ligações nem com cascata", brincou com os jornalistas. Antes de entrar na sala onde prestará o depoimento à CPI, Bordoni classificou o governador de Goiás de "ex-amigo" e diz está muito decepcionado. "Pra quem foi leal a ele, o sentimento é de decepção, é decepção profunda".
Depoimento do arquiteto
Ontem, a CPI realizou sessão para ouvir outras três pessoas também ligadas ao governador de Goiás, porém, só conseguiu tomar o depoimento de arquiteto Alexandre Milhomen, responsável pela reforma na casa onde foi preso o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Alexandre disse que foi contratado por Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, para fazer inicialmente um projeto de decoração de uma casa para o casal, e que não sabia que o imóvel era do governador. Os demais não responderam a perguntas dos parlamentares. Lúcio Fiúza Gouthier, ex-assessor do governador de Goiás, e Écio Antônio Ribeiro, um dos donos da empresa Mestra Administração e Participações, haviam conseguido no Supremo Tribunal Federal habeas corpus garantindo o direito de permanecer em silêncio e nada responderam.

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