Após ouvir o depoimento do arquiteto Alexandre Milhomen, o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), concluiu que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), mentiu em depoimento prestado à comissão no dia 12 de julho.
De acordo com o relator, Perillo teria "montado" a história da venda da casa para esconder sua relação com Carlinhos Cachoeira, apontado pela Polícia Federal (PF) como líder de uma organização criminosa que envolve políticos e empresários.
Ao ser perguntado se o governador de Goiás teria mentido em seu depoimento, Cunha respondeu: "Com certeza. Está evidente que a história foi montada. A história da casa é para negar a relação do governador com o senhor Carlos Cachoeira".
O arquiteto Alexandre Milhomen disse à CPI que foi contratado por Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, para decorar a casa na qual ela moraria provisoriamente. Pelo serviço, ele disse ter recebido R$ 50 mil, pagos em cinco parcelas de R$ 10 mil. O arquiteto também calculou que a compra de móveis e objetos de decoração para a casa somaram cerca de R$ 500 mil, pagos por Andressa.
"Quem comprou a casa foi o senhor Carlos Cachoeira, os áudios mostram isso, e aqui o arquiteto disse que quem o contratou foi a senhora Andressa", disse o relator. As gravações interceptadas pela Polícia Federal indicam que os serviços prestados pelo arquiteto foram contratados em maio de 2010, antes que ocorresse a negociação do imóvel da forma que o governador informou à comissão. Em fevereiro desse ano, a PF prendeu Cachoeira nessa casa.
Perillo, em seu depoimento, negou ter vendido a casa para Cachoeira. Ele disse que vendeu o imóvel ao empresário Walter Paulo Santiago, dono da Faculdade Padrão. "Está evidenciado que a prestação do serviço foi antes da aquisição da casa pelo senhor Walter Paulo e que quem contratou o arquiteto foi o senhor Carlos Cachoeira, para fazer uma decoração vultuosa que custou mais de R$ 500 mil com a aquisição de móveis", disse o deputado Odair Cunha.
O relator avaliou que não há necessidade de se tomar um novo depoimento de Perillo. "Nós vamos agora continuar buscando meios de prova para desmontar a tese aqui desenhada, a historia montada pelo governador Marconi Perillo", afirmou.
Outro ponto confirmado pelo arquiteto durante o depoimento é que parte do pagamento pela decoração foi feita pela empresa Alberto e Pantoja, que, segundo a PF, recebeu repasses da Delta Construções, investigada como parte do esquema atribuído a Carlinhos Cachoeira.
O relator ainda informou que o próximo passo da CPI é estabelecer os vínculos entre Cachoeira e o governo de Goiás. Ele rebateu as críticas de outros parlamentares que o acusam de direcionar as investigações da comissão para o governador Marconi Perillo.
Cunha evitou falar sobre os requerimentos de convocação do ex-diretor da matriz da empresa Delta, Fernando Cavendish, e do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Luiz Antônio Pagot, ambos solicitados pela oposição. "Vamos tratar desse assunto só no próximo dia 5 de julho", limitou-se a responder o relator, referindo-se à próxima reunião administrativa da CPI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário