quinta-feira, 12 de julho de 2012

AULA MAGISTRAL

Aileda de Mattos Oliveira*
Tratando-se de política latino-americana, é aconselhável acompanhar com a máxima atenção as reações que normalmente ocorrem, após qualquer ato decisório de governo. Sobre isto, o Brasil toca de ouvido.

Nesta América que teima em se deixar conduzir pelas mãos ásperas de veteranos guerrilheiros, pelas mentes retrógradas de infelizes instigadores da discórdia, a preocupação deve ser constante. Lugo não reagiu, o que não é normal num membro dileto das organizações vermelhas das republiquetas sul-americanas. Certamente, a lição paraguaia não será digerida com tanta facilidade pelo duplamente ex-: padre e presidente, como, a princípio, faz crer.

Afora essas preocupações, há muito o que comemorar. Dentro do contexto latino, tradicionalmente farsesco, torna-se digno de louvor o comportamento dos congressistas do país vizinho, revestido de tal seriedade e envergadura que se transformou numa verdadeira aula de democracia e de ética dos homens públicos guaranis.

Diante dessa atitude de força cívica e de defesa da integridade moral de sua nação, causam vergonha povo e políticos brasileiros, enxovalhados, denegridos pelos amigos do padre que ainda infestam este Brasil, eterna potência do futuro. E foram esses brasileiros sem raça, que desvirtuaram o significado de ‘paraguaios’, como referência a produtos de fabricação duvidosa.

Devem, de imediato, rever os seus velhos conceitos diante do desmoralizante exemplo que lhes deu o povo paraguaio pelo apoio incondicional aos políticos probos, que optaram, sem demagógica retórica, por retirar o quisto maligno da presidência. Só assim a sua nação seguirá o caminho da concórdia, após a remoção da nulidade que malversava o dinheiro público e tripudiava da população trabalhadora, sempre, para os fanfarrões da esquerda, um “simples detalhe”.

Invertem-se os papéis: ser de baixa categoria leva, a partir de agora, a chancela ‘brasileiro’, principalmente, no que tange a políticos e ao genérico regime caótico que se instituiu dentro de nossas fronteiras.

Os congressistas paraguaios, sem circunlóquios e com presteza de ação, deram uma aula legítima e de tal qualidade, que deveria ter o selo ISO, no ‘ponha-se para fora’ constitucional que mostrou a Lugo o olho da rua.

Legítima Constituição, legítimos legisladores que a ela obedeceram, legítimo povo paraguaio que compreendeu o mal que o padre prevaricador, causava à sua terra, impedindo, com a sua providencial saída, que viesse a florescer no seu país, indústrias de mensalões, cachoeiras, “aloprados”, instituições de aprendizes de escrachadores, entre outros “grupos sociais”, com o intuito de desmoralizar o regime democrático, evitando a formação, como no Brasil, de outros tipos de regime, como o crapulocrático, escrachocrático, corruptocrático, rosariocrático.

O que coroou a vitória paraguaia foi a demonstração inigualável de independência ao impedirem que a soberania de seu país fosse ferida pelos grosseiros representantes das chancelarias das republiquetas ‘brasileiramente’ democráticas que adentraram o Congresso paraguaio, a fim de intimidá-lo, de levá-lo ao caos, quando o país optou pela ordem e pela disciplina. Esses militantes, a serviço de seus impudentes governantes, receberam um “ponham-se para fora”, arrasador.

Que esta aula de autêntica política, soberanamente paraguaia, seja a inaugural de muitas outras, principalmente entre nós. Que a síndrome do pontapé contagie os raros políticos honestos e o povo, oportunisticamente letárgico, que deveriam pôr em prática, desde já, o chute a distância que levaria toda a malta do Brasil e de seus companheiros de credo para os quintos dos infernos. Sem exceção.

O Povo paraguaio deu uma lição ao falsificado povinho brasileiro. Lição de civismo, de amor à pátria, à disciplina, à ordem, sem as quais, país nenhum se desenvolve, país nenhum fortalece a sua soberania. Soberania na qual a presidente-guerrilheira quis intervir, enviando o perplexo Patriota para a arena onde não está acostumado a lutar: a arena verdadeiramente democrática.

Perdeu feio, aliás, perderam desastradamente feio. Ele, por ser um chanceler sem categoria de pôr em prática a boa e elogiada diplomacia do antigo Itamaraty; ela, por pensar que poderia dar murros na mesa alheia, como se achaques resolvessem questões internacionais. Inteligência, senhora, inteligência! Mas é pedir-lhe muito.

O comportamento do Congresso paraguaio, antítese do congresso brasileiro, pensa no país, cumpre a Constituição, ao contrário do outro que só visa aos interesses que lhes recheiam as já obesas contas correntes. A Carta Magna, vulgarmente cunhada de “Cidadã”, sem a magnitude de sua função, foi substituída pela voluntariosa penada da mulher truculenta.

Pequeno em território, ética e moralmente grande, ao contrário deste gigante que ainda descansa no alto do pé de feijão, o Paraguai deu uma sonora bofetada naqueles que lhe queriam pôr no caminho da servidão ideológica. Mas não se iludam o Congresso e o Vice-Presidente que assumiu a liderança do país, os arruaceiros daqui tudo farão para desestabilizar a sua democrática terra. Sabem por quê? Nasceram com jaça, com estigma de desajustados e nada os afastará de suas pretensões de desestruturar o país alheio como já fizeram com o Brasil, alheio também para eles.

Que a aula do Paraguai nos sirva de lição e se propague o mais breve possível como um ato político sanitário de desinfecção dos miasmas purulentos exalados por esses dirigentes lombrosianos que infestam esta América, eternamente colonial.

Que Deus me ouça!

(*Prof.ª Dr.ª em Língua Portuguesa. Membro da ABD.

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