O governo de Cuba anunciou nesta sexta-feira que o acidente que provocou a morte do dissidente Oswaldo Payá, no último domingo (22), foi causado por excesso de velocidade do motorista em uma estrada em obras.
De acordo com as autoridades, o carro, que era dirigido pelo espanhol Ángel Francisco Carromero Barrios, estava em velocidade de 120 km/h, dobro do limite permitido de 60 km/h, o que não permitiu que freasse ao ver um desvio de uma obra na via. Segundo o Ministério do Interior, a região estava sinalizada.
Dois filhos do dissidente questionaram a versão oficial e acusaram outro veículo de ter fechado o carro onde estava Payá, mas o ministério não informou nenhuma intervenção na colisão.
O automóvel bateu em uma árvore após uma freada brusca na cidade de Bayamo, no sudeste da ilha. A parte mais atingida foi a porta traseira esquerda, exatamente onde viajava o dissidente.
Além de Oswaldo Payá, 60, morreu o dissidente Harold Cepero Escalante, 31. Carromero, o motorista do carro, que está preso desde segunda-feira, disse aos investigadores que não se lembrava de ter visto a sinalização sobre o mal estado da pista e que, apesar de ter freado bruscamente, não pôde evitar o acidente.
CATÓLICO
Um dos principais dissidentes cubanos, Oswaldo Payá era membro do Movimento Cristão Libertação. Seu enterro, na segunda-feira (23), reuniu um grande número de opositores e cerca de 50 deles foram presos por forças do ditador Raúl Castro.
O portal Cubanet, que se autoclassifica como imprensa independente de Cuba, informou que entre os detidos estavam Guillermo Fariñas, Félix Navarro, Carlos Olivera, Antonio Rodiles, Odelin Alfonso e Francisco Rangel. Fariñas, 50, foi libertado na quarta (25) após reclamações dos dissidentes e pressão internacional.
Em pronunciamento na quinta (27), Raúl Castro criticou os opositores, dizendo que "alguns pequenos grupos" esperam que "ocorra aqui algum dia o (que aconteceu) na Líbia" ou "o que pretendem fazer com a Síria", em alusão às rebeliões e intervenções nestes países.
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