segunda-feira, 23 de abril de 2012

O INIMIGO PRÓXIMO

Ralph J. Hofmann

A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) foi não só o modelo experimental para armas e estratégias do conflito seguinte (Guerra Mundial – 1939-46) como também foi o lugar em que surgiram muitos dos conflitos pessoais de consciência.

Um indivíduo poderia ser anticomunista, mas vislumbrar as tropas de Franco como representando o fascismo que projetava nuvens escuras sobre a Europa. Na dúvida podia ate se engajar no apoio aos republicanos controlados pelo comunismo russo.

Por outro lado você poderia ter experimentado o autoritarismo dos republicanos no poder, com seu ataque a toda e qualquer crença que não fosse o marxismo, com seus ataques à propriedade privada e acabar apoiando Franco como sendo o mal menor.

Não era uma época em que se podia determinar claramente qual o pior. Esta clareza só surgiu depois de 1939.

Nos estertores da derrota republicana, ou seja, nos primeiros dias do governo dos nacionalistas de Franco (que havia recebido a ajuda de “voluntários” alemães) surpreendentemente Franco decidiu não alinhar-se automaticamente com o Eixo. Optou pela neutralidade, enquanto a Alemanha e a Rússia (que suprira de armas e voluntários aos inimigos de Franco) fechavam um acordo para invadir e dividir a Polônia.

Ou seja, ficam valem as velhas piadas sobre não se abaixar de forma alguma para pegar o sabonete no chuveiro do vestiário.

O que me traz à expressão quinta coluna ou quinta colunista.

Foi criada na guerra civil espanhola. O general nacionalista Emílio Mola Vidal avançava sobre Madrid. Suas tropas estavam divididas em quatro colunas. Mola Vidal explicou que na realidade tinha uma “quinta coluna” dentro da cidade, que eram os simpatizantes de sua causa que solapariam por dentro o inimigo.

A palavra chave é solapar.

Um sujeito que é espião não é um quinta colunista. Um terrorista que desce das montanhas carregando uma carabina e carregado de granadas não é um quinta colunista. Mas o sujeito que se apresenta com uma face amiga enquanto providencia para que as estruturas sejam minadas é um quinta colunista.

Cada vez que mais um político aparentemente probo, defensor dos fracos, oprimidos, dos bons princípios e da moralidade se revela corrupto e ganancioso a expressão que me vem à mente é “quinta colunista”.

Por exemplo, José Dirceu é e sempre foi um mau caráter. Fez muito pouco para esconder essa condição. É um facínora. Mas não é um quinta colunista. Ele é o que você vê, desde que queira olhar com alguma argúcia.

O mesmo vale para Tarso Genro.

Pallocci por outro lado apresentava-se como alguém de quem podíamos discordar mas nos iludiu dando a ilusão de que era confiável. Isto por alguns anos (ao menos os que não conheciam seu passado de prefeito). No entanto Pallocci sorria enquanto serrava o pé da cadeira. Tem a alma de um “quinta colunista”.

Chegamos a Demóstenes Torres. É a epítome do quinta colunista. Era visto como um ornamento do país. Estava no seio das organizações que defendem a moralidade. Mas apenas se situava ali para ajudar a controlar quaisquer iniciativas rumo à ética e moralidade.

Estamos coletivamente sangrando das facadas nas costas que nos infligiu.

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